São Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 1994
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PF caça líder do tráfico na Amazônia

ANDRÉ LOZANO
DA AGÊNCIA FOLHA,EM MANAUS

A Superintendência da Polícia Federal do Amazonas e a Interpol (Polícia Internacional) realizam operação conjunta para tentar localizar e prender o chefe da maior organização de tráfico de cocaína da Amazônia e região norte do país.
O procurado é o amazonense Antônio Mota Graça, o "Curica", acusado de comandar o chamado Grupo de Manaus.
A polícia suspeita que o traficante esteja escondido em Caracas, capital venezuelana.
Segundo a PF, Curica estava envolvido na distribuição de um carregamento de 7,5 toneladas de cocaína pura, apreendidas no mês passado em Guaíra, Estado de Tocantins, no Centro-Oeste do Brasil.
Foi a maior apreensão de cocaína realizada no Brasil.
O superintendente da Polícia Federal do Amazonas, delegado Mauro Spósito, disse que o Grupo de Manaus tem conseguido resistir às investidas da polícia.
A polícia afirma que o patrimônio do grupo continua inabalado mesmo com várias apreensões de droga e interceptações de carregamentos.
Nos últimos nove anos, a Polícia Federal e as polícias dos países onde o grupo atua fizeram 11 grandes apreensões de drogas transportadas pela organização.
A apreensão total de 14.970 quilos de coca representou um prejuízo para a organização de aproximadamente US$ 150 milhões, segundo levantamento da Polícia Federal brasileira.
O dinheiro é suficiente para comprar 120 apartamentos de cinco quartos (700 metros quadrados) no bairro nobre de Higienópolis, em São Paulo, ou 4.000 carros modelo Ômega.
"A perda desse volume de dinheiro não provocou a retração da organização criminosa porque o seu patrimônio não foi abalado", disse Spósito.
O superintendente afirmou que a Polícia Federal tem conhecimento do patrimônio do Grupo de Manaus, mas não pode divulgá-lo por questões de segurança.
A PF tem informações de que Sâmia e Vicentino também estão em Caracas. Vicentino seria o elo de ligação da organização com o Cartel de Cali, na Colômbia.
Desde sua criação, o Grupo de Manaus manteve estreita relação com o Cartel de Letícia, na fronteira do Brasil com a Colômbia.
A organização começou a ser investigada pela Polícia Federal em 1985, quando Curica foi apontado como responsável pela remessa de quatro toneladas de coca para os Estados Unidos.
A droga foi apreendida com o americano Mike Tsalickis, que a transportava no navio Amazon Sky.

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