São Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 1994
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Administradores aconselham evitar fundão

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

Na atual fase de transição do mercado financeiro, com juros em queda, Ufir congelada até quarta-feira próxima, alterações na tributação e nos prazos das aplicações financeiras a partir de agosto, todo cuidado é pouco.
O fundão (FAF), por exemplo, promete uma boa rentabilidade líquida para o investidor a partir do 16º dia útil da aplicação, quando fica livre do IOF, por causa do IR de 5% sobre o rendimento nominal.
O último levantamento da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) mostra que, nos 14 primeiros dias deste mês, a rentabilidade média acumulada dos fundões foi de 2,23%, já descontado o IR.
Curto prazo
A rentabilidade bruta dos fundos de curto prazo (fundões em URV) no mesmo período ficou na média de 2,52%. Como eles são tributados em 30% sobre os rendimentos acima da variação da Ufir, que está com seu valor congelado, a remuneração líquida cai para 1,76%.
Os fundões aparentemente levam vantagem também sobre os fundos de commodities, que renderam 2,68% brutos e 2,01% líquidos, após o desconto de 25% do IR.
Apesar disso, pelo menos dois administradores de fundos não recomendam o FAF. Um deles é Fábio de Oliveira, diretor do Banco de Boston, instituição que na quarta-feira passada extinguiu o fundão que administrava, mantendo apenas o fundo de curto prazo.
O outro é Victor Paranhos, diretor do Banco Nacional, que também não opera com o fundão, oferecendo como alternativas o Fan (Fundo de Aplicação Nacional) e o fundo de curto prazo.
Oliveira e Paranhos apontam as aplicações compulsórias em TDEs (Títulos de Desenvolvimento Econômico) e FDS (Fundo de Desenvolvimento Social) como o principal risco dos FAFs.
São aplicações de longo prazo, de até 25 anos, sujeitos a problemas de liquidez (resgate ou venda) para quem ficar por último. O Banco de Boston, ao extinguir seu FAF, conseguiu resgatar esses títulos junto à CEF.
A conclusão de Oliveira e Paranhos é de que o risco representado pelos TDEs e FDS é alto demais para compensar as vantagens de rentabilidade e liquidez diárias dos FAFs.
Poupança
No tripé básico da análise de investimentos –segurança, rentabilidade e liquidez– a caderneta de poupança leva vantagem nos dois primeiros itens. Não oferece riscos, é isenta de impostos e até o último dia 14 a sua correção pela TR, sem o juro de 0,5% ao mês, estava acumulada em 2,8%.
O inconveniente da poupança é que os resgates somente podem ser feitos nos respectivos "aniversários" de cada mês, para não perder rendimentos.
Commodities
Os fundos de commodities que já lançaram todas as perdas decorrentes da desvalorização do dólar ou que tinham realizado operações de "hedge" (proteção contra riscos de perdas) nas suas aplicações dolarizadas são uma boa opção.
Eles estão com boa rentabilidade e, por enquanto, com liquidez diária a partir do 30º dia. Segundo Paranhos, o fundo de commodities do Nacional passou a registrar uma rentabilidade diária de 0,5% a partir do último dia 11, depois de lançar uma perda de 2% por conta da desvalorização do dólar frente ao real.
Renda fixa
Os fundos de renda fixa tradicionais acumularam uma rentabilidade bruta de 2,6% (1,82% líquidos após o desconto de 30% do IR) em média, até o último dia 14, perdendo para os fundos de renda fixa DI, que no mesmo período renderam 3% brutos (2,1% líquidos).
Fábio de Oliveira, porém, observa que a queda dos juros tende a reduzir a rentabilidade dos fundos DI –atrelada à oscilação diária do CDI-over– num ritmo mais acentuado do que a dos fundos de renda fixa tradicionais, que têm papéis prefixados de 30 dias em carteira.

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