São Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 1994
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Conquista de título inédito consagra a 'era Dunga'

ALBERTO HELENA JR.; LUÍZ HENRIQUE RIVOIRO
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES

LUIZ HENRIQUE RIVOIRO
A conquista do tetracampeonato marca a consagração da chamada "era Dunga" na seleção brasileira. O pragmatismo imposto pelo técnico Carlos Alberto Parreira, com ênfase na marcação no meio-campo, encontrou no volante e capitão Dunga seu personagem símbolo.
O mesmo Dunga que, com o fracasso na Copa de 90, teve sua imagem associada a um estilo de futebol feio e sem criatividade.
Criticado desde o início da preparação a Copa, o técnico manteve suas posições e Dunga. Como em 58 e 62, a equipe embarcou para os EUA deixando os torcedores em dúvida no Brasil.
Pesquisa Datafolha antes da estréia mostrava que 45% dos brasileiros consideravam Parreira um técnico regular, 27% o achavam ótimo/bom e 19% o consideravam ruim/péssimo.
Parreira reverteu o quadro na Copa. Não sem atropelos. Seu "futebol de resultados" o fez saltar para 69% de ótimo/bom logo após a vitória contra a Rússia.
O susto veio depois da vitória por 1 a 0 contra os EUA. Parreira despencou para 17% de ótimo/bom e aumentou de 34% para 37% sua avaliação de ruim/péssimo.
Após as vitórias sobre Holanda e Suécia, Parreira chegou à final com 45% de ótimo/bom.
Não decepcionou, conseguiu o tetracampeonato e, como Feola em 58, Aimoré Moreira em 62 e Zagalo em 70, entrou para a história.
O campeonato de 58
Às vésperas do jogo contra a União Soviética, o terceiro que o Brasil cumpriria na Copa de 58, na Suécia, Paulo Machado de Carvalho, o chefe da delegação, executou a primeira parte de seu plano secreto para ganhar a Copa.
Chamou o ponta-direita titular Joel num canto e confidenciou-lhe: "Só você pode nos dar o título. Pois só você tem autoridade moral sobre seus companheiros para manter o pessoal na linha. Mas, para isso, você tem de sair do time. Xerife não joga, meu filho."
Joel, envaidecido, bateu continência ao "Marechal da Vitória" e mergulhou no ostracismo para que Garrincha entrasse no time contra os soviéticos, juntamente com Zito e Pelé. Daí pra frente, foi uma "fieira" de adversários no chão e de vitórias consagradoras.
Até então, a seleção que havia vencido a Áustria e empatado com a Inglaterra, não convencera ninguém. Saíra do Brasil vaiada.
Os fracassos de 50 e 54, porém, haviam servido de lição. E aquele time conseguiu conjugar na o talento de craques como Garrincha, Pelé, Didi, Newton Santos, com o espírito de luta de Bellini, Orlando, Zagalo e Zito.
O bicampeonato de 62
Já em 62, foi apenas uma sequência desse trabalho. Tanto, que metade do time tinha entre 30 e 37 anosna Copa disputada no Chile.
Mas foi um Mundial jogado em 33 rpm. Perdemos Pelé no segundo jogo, contra a Tchecoslováquia, mas Amarildo entrou em seu lugar e deu conta do recado.
O tricampeonato de 70
Por fim, em 70 tivemos um preparo-físico excepcional e uma constelação de craques nunca vista antes, como Carlos Alberto, Gérson, Pelé, Tostão, Rivelino e Jairzinho.
"Era o time da galera", como disse à época, contrariado, o técnico Zagalo. Esta saiu e voltou aplaudida.

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