São Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 1994
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Jogo de guerra atrai teens para a geografia

LARISSA PURVINNI
DA REPORTAGEM LOCAL

Estados Unidos e Canadá não existem. O México ocupa parte da América do Norte e a América Central. Guianas, Suriname, Equador e Paraguai sumiram.
Essa é a representação do mundo no jogo War, da Grow –que não corresponde à realidade, mas pelo menos desperta o interesse dos teens pela geografia.
Grigor Lucki, 17, diz que adquiriu algumas noções de geografia com o War. "Você aprende a identificar os continentes."
Daniel Folegatti, 14, acha que o mapa pode causar algumas confusões. "Dá para pensar que o Alasca (Estado dos Estados Unidos) é um país separado."
Apesar de alterar fronteiras e criar territórios que não existem, muitos professores consideram positiva a influência do jogo.
"O jogo consegue algo muito difícil que é despertar interesse", diz Vera Lúcia da Costa Antunes, professora de geografia do colégio Objetivo.
Segundo ela, muitos alunos demonstram curiosidade quando ouvem falar de Vladivostok em suas aulas.
"Eles já conhecem o nome por causa do jogo e querem saber mais detalhes." No jogo, Vladivostok é um território da Ásia. Na realidade, é uma cidade da Rússia.
Mas é bom tomar cuidado para não confundir ficção e realidade. "Um amigo copiou o mapa do War para um trabalho de geografia", conta Alexandre Sahade Gonçalves, 16. O resultado foi um zero.
Carlos Novaes, 52, professor de geografia do colégio Bandeirantes, afirma que o jogo não atrapalha.
"Quem costuma jogar são alunos com índice intelectual mais elevado e que sabem separar as coisas." Ele diz que o ideal seria que o jogo aliasse ficção à realidade.
O professor do departamento de geografia da USP (Universidade de São Paulo) Mário De Biasi, 57, diz que considera negativa a influência do jogo sobre os estudantes.
"Toda comunicação errada do mapa faz com que você tenha uma noção cartográfica completamente diferente da real", diz.
Para ele, o maior "erro" do War são as divisões políticas. "Se você não conhece o mapa vai ter uma noção de espacialização totalmente errada."
Em sua opinião, seria preferível dividir o mundo por áreas de influência política e econômica. "Seria um conceito atual, melhor do que uma abstração", diz.

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