São Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 1994 |
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Esporte finalmente honra o Brasil
MARCELO PAIVA
Em 60 anos, o Brasil esteve cinco vezes numa final de Copa do Mundo. A de ontem você testemunhou. Recorra a ela para emendar um assunto com seus filhos e netos. Lembre da controvérsia em torno de Parreira, das sofridas vitórias por um a zero, e dele, do faraó-homem-gol Romário, que acaba de entrar para o hall dos gênios da bola, fazendo companhia a Didi, Garrincha, Pelé, Rivelino e Zico. Quantas reprises dos gols de Romário e dos frangos de Taffarel você assistirá? A mesma explicação será dada para cada vitória. E quando vierem com muita ladainha, diga: eu assisti. Um pedaço seu deixou de ser teen nesta Copa. Aproveite. Independente do resultado, o Brasil na final da USA Cup é um troco. Depois de litros de Pepsi e Coca, quilos de Big Mac e Pizza Hut, maços de Marlboro e Camel, discos da Madonna e Michael Jackson, rolos de "Sexta-feira Treze" e "Louca Academia de Polícia", uma expressão da sua cultura, do seu povo, do longínquo e misterioso "Brazil" encantou os americanos. Reclamou que para todo lugar que se olha se vê um brasileiro, e que os Estados Unidos perderam do Brasil para o preço do café não aumentar. Chegou a imitar Galvão Bueno narrando um gol. A mídia internacional fala de um país que existe no "Brazil" famoso por desrespeitar os direitos humanos; falam da festa pacífica e da alegria multirracial. Um intelectual frio diria que vivemos um eterno complexo de inferioridade, que projeta no esporte o insucesso em outras áreas. Um jornalista isento diria que quem está lá não representa o Brasil, mas uma elite que pôde pagar o preço; se estivessem a Mancha e os Gaviões seria só alegria? Mas o patriota xarope abre o coração e se emociona. Eu me emocionei. Texto Anterior: Álcool também cria dependência Próximo Texto: Você vai saber quando tiver um orgasmo Índice |
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