São Paulo, quarta-feira, 20 de julho de 1994
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Ministros tentam troca por abono

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Os ministros da Fazenda, Rubens Ricupero, e do Planejamento, Beni Veras, dão por perdida a batalha do reajuste do funcionalismo. Eles são contra mas já sabem que algum aumento vai sair.
Seu objetivo agora é minimizar a derrota e vendê-la caro. Querem conceder o menor reajuste possível e acelerar a privatização. O argumento é de que só por aí se obtem o dinheiro para pagar o reajuste.
Por outro lado, como o dinheiro da privatização só dá para uma vez –pagaria o aumento só deste ano– e como um reajuste salarial é para sempre, a equipe econômica vai lutar para que seja concedido um abono ou uma gratificação.
Isso resolveria o problema para este ano. Os funcionários teriam um ganho –por exemplo, uma gratificação a ser paga até dezembro– e esse gasto seria coberto com receita de privatizações.
Não haveria portanto pressão no orçamento. O governo não precisaria nem emitir dinheiro nem fazer dívida nova para pagar essa gratificação.
E o assunto voltaria à tona em janeiro, que é data-base do funcionalismo público. Com um novo presidente e um novo Congresso.
Há nisso tudo um claro movimento político da equipe econômica. O presidente Itamar Franco e muitos de seus assessores não vêem com bons olhos a privatização que, por isso, anda emperrada.
O movimento político da equipe econômica, portanto, seria entregar o reajuste e levar a privatização. Um objetivo importante é acelerar a privatização da Light, distribuidora de energia elétrica no Rio.
Conclusão: o tamanho do reajuste e a forma de financiamento indicarão quem ganhou, quem perdeu e quanto.

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