São Paulo, quarta-feira, 20 de julho de 1994
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Caubóis gays da HQ ganham longa-metragem

DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos destaques brasileiros da Anima Mundi é o longa-metragem "Rocky e Hudson", do gaúcho Otto Guerra.
O filme é baseado nos personagens de quadrinhos criados em 1987 pelo cartunista (também gaúcho) Adão Iturrusgarai, um dos criadores da revista "Dundum".
Tratam-se de dois caubóis gays que vagam pelo mundo em seu cavalo Silverado. O nome da dupla –referência ao ator Rock Hudson, vítima da Aids– já mostra que o politicamente correto fica longe.
"No começo pensamos em maneirar nas piadas", conta Otto. "Depois vimos que não dava para tirar a baixaria."
O problema é que fazer um desenho bem comportado descaracterizaria a dupla. "A história foi criada assim. No final, todo mundo se divertiu fazendo desse jeito", conta Otto.
O desenho é o primeiro longa na carreira do diretor, um dos mais produtivos animadores do país. Sua estréia vai ser na mostra competitiva do festival de Gramado.
Com modestos 63 minutos de duração, "Rocky e Hudson" é o primeiro longa de animação da década de 90 produzido para distribuição comercial no país fora dos estúdios de Maurício de Souza.
O filme custou US$ 75 mil, 8.000 desenhos e dois anos de trabalho "completamente anárquico", segundo Otto, que não sabe ainda se isto é bom ou ruim.
São dois episódios. "A Pistola Automática do Dr. Brain" foi feita em 1988 para a revista "Megaquadrinhos", de Porto Alegre.
"Pé na Estrada" foi escrita por Adão especialmente para o desenho e é uma sátira aos "road movies", tipo "Thelma e Louise".
"Estamos negociando a distribuição em cinema junto com o curta 'Novela', e talvez até a venda para TV. Se funcionar, dá para pagar o prejuízo", brinca Otto.

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