São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 1994
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Petistas se opõem a Bisol e retiram emendas

EUMANO SILVA

EUMANO SILVA; LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A bancada do PT na Câmara fez ontem uma manobra para tentar forçar a renúncia do candidato a vice na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva, senador José Paulo Bisol (PSB).
Os deputados petistas aprovaram uma nota elogiando o comportamento dos meios de comunicação na divulgação de irregularidades cometidas na apresentação de emendas ao Orçamento da União.
Anteontem, Bisol fez discurso criticando os meios de comunicação na divulgação de acusações contra ele. O vice de Lula classificou jornalistas de "safados", "canalhas" e "torpes".
As primeiras acusações feitas contra Bisol foram justamente sobre emendas que ele apresentou ao Orçamento.
O texto aprovado ontem diz que "a imprensa vem cobrando, legitimamente, mudanças na sistemática da elaboração orçamentária".
Ontem, os deputados do PT decidiram também retirar todas as emendas que haviam apresentado. A bancada havia apresentado cerca de 650 emendas.
Em entrevista coletiva, o líder do PT na Câmara, José Fortunati (RS), afirmou que muitas das emendas retiradas estavam supervalorizadas. "Em alguns casos, foi usado o dólar de abril de 1994 e não de 1993", disse Fortunati.
Este erro foi cometido pela deputada Luci Choinacki (PT-PR), como mostrou reportagem da Folha. Ela pediu US$ 532 mil para a compra de uma ambulância, quando pretendia pedir US$ 8,8 mil.
A bancada do PT chegou a decidir, em maio, que os deputados do partido não apresentariam emendas individuais. Era uma das recomendações da CPI do Orçamento.
Pressionados pelos prefeitos do partido, porém, os deputados apresentaram emendas individuais. As denúncias de supervalorização de emendas, envolvendo Bisol e deputados do PT, levaram a bancada a voltar à posição de maio.
A bancada do PT não tirou uma posição oficial contra a permanência de Bisol na chapa para evitar atritos com a direção do partido.
O elogio à imprensa foi a fórmula encontrada para mandar um recado à direção do PT e a Bisol.
Fortunati nega que o elogio aos veículos de comunicação esteja relacionado com as críticas feitas anteontem por Bisol. Mas vários deputados presentes à reunião afirmaram que a intenção foi rebater o comportamento do vice de Lula.
As pressões pela saída do candidato a vice decorrem da avaliação de que as acusações contra Bisol prejudicam o desempenho eleitoral de Lula.
Os deputados do PT consideram que pelo menos uma das acusações contra Bisol ainda não foi respondida: a existência de um assessor, Jorge Matsumi, que trabalha para Bisol sem dizer a origem de seus rendimentos.

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