São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 1994
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Pra frente Gringolândia com o esporte da Copa

DAVID DREW ZINGG

Em Los Angeles
A grande pergunta que ficou no ar na Gringolândia é se o futebol vai se transformar em esporte de espectadores adultos aqui ou se vai apenas continuar aos trancos e barrancos, atraindo multidões menores do que as que saem para assistir, por exemplo, luta-livre profissional.
O "The New York Times" tem suas dúvidas. Tio Dave também.
Em abril do próximo ano, se tudo sair conforme o previsto, um grupo de clubes chamado Major Soccer League vai lançar uma tentativa séria de popularizar o futebol junto aos garotões norte-americanos, colocando-o no mesmo nível do futebol americano, do beisebol e do basquete.
Como contei a vocês recentemente, o presidente da World Cup USA'94, também conhecida como Comitê Organizador, emprestou ao presidente da Major Soccer League a modesta quantia de US$ 5 milhões para ajudá-la a dar o pontapé inicial.
Numa dessas curiosas coincidências que não são inteiramente inusitadas aí no Brasil, o presidente das duas organizações é a mesma pessoa –um advogado de Hollywood de nome Alan Rothenberg.
Rothenberg tirou US$ 5 milhões do superávit da World Cup USA'94, uma entidade sem fins lucrativos, e os emprestou à MSL, dele, a fundo perdido.
Parece que Rothenberg aprendeu alguns truquezinhos bastante úteis durante seu período de coexistência com a Fifa. João Havelange deve ser um bom professor.
Há dinheiro mais do que suficiente jogado nos cofres da World Cup USA'94 para financiar esse tipo de poesia.
Segundo o "Times", o "superávit financeiro" final deve ultrapassar as projeções feitas, que o situavam entre US$ 20 milhões e US$ 25 milhões.
A partida final entre Brasil e Itália teve 94.149 espectadores, que pagaram um preço médio de US$ 460 por ingresso –ou seja, o suficiente para alimentar uma família de cearenses durante um ano.
A bilheteria total foi de US$ 43,5 milhões.
Não resta dúvida de que o dinheiro é prova cabal de interesse. Mas a dúvida persiste: será que o futebol vai fazer sucesso nos EUA?

Tradução de Clara Allain

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