São Paulo, sexta-feira, 22 de julho de 1994
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Poluição e trânsito

EDMUNDO WERNA

O "verde" tem sido indubitavelmente uma palavra-chave do movimento ambientalista nas últimas décadas. Porém, não seria novidade dizer que os problemas ambientais vão muito além da proteção e expansão de áreas verdes.
É cada vez mais urgente a necessidade de atacar diretamente os problemas de poluição do ar, água e solo como parte primordial de uma agenda ambiental. O combate a tais problemas tem sido definido por agências internacionais como a "agenda marrom".
Porém, o reconhecimento da importância de tal agenda nem sempre tem resultado em políticas "marrons" efetivas.
Tomemos, por exemplo, o caso da poluição atmosférica, um dos maiores problemas ambientais de São Paulo e de várias outras metrópoles. Tal problema está associado, cada vez mais, ao crescente volume de tráfego urbano. Porém, pouco se tem feito no Brasil para atacar esse problema na sua fonte.
É difícil enxergar uma solução efetiva para a poluição atmosférica das cidades brasileiras que não passe por interferências profundas do atual sistema de tráfego.
Diferentes soluções estão sendo testadas em várias cidades do mundo, como, por exemplo, leis limitando a circulação de veículos particulares em determinados dias da semana, inspeção periódica de veículos, taxação de veículos que ultrapassem determinado nível de poluição, subsídios e outros incentivos para a compra ou instalação de tecnologia menos poluente etc..
É preciso analisar bem a adequação de tais soluções à realidade brasileira.
Em alguns casos, soluções aparentemente promissoras têm tido efeitos negativos.
Por exemplo, já existem estudos mostrando que, em alguns países, a lei que limita cada veículo a circular apenas em determinados dias da semana levou muitos motoristas a comprarem um segundo veículo. Isso resultou em muita gente com dois veículos velhos (mais baratos e mais poluentes), do que com um novo. Assim, a poluição na verdade aumentou.
Tal exemplo mostra a necessidade de estudar cuidadosamente o efeito real de cada política proposta. Mas mostra também que houve coragem de experimentar, a vontade política para interferir em direitos individuais em prol do coletivo.
Esses são elementos indispensáveis para chegar a uma solução definitiva para o problema.

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