São Paulo, sexta-feira, 22 de julho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mata Atlântica sobrevive em parques de SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Sobreviventes da metrópole, algumas porções da Mata Atlântica resistem pelos quatro cantos da cidade e convertem-se em boas opções de passeio para a última semana de férias de julho.
Elas estão encravadas em parques municipais ou estaduais, que oferecem alguma infra-estrutura como banheiros, áreas para piqueniques, playground, núcleos de educação ambiental, banheiros, trilhas para caminhadas e até museus (veja quadro ao lado).
A Mata Atlântica transformou-se em um grande atrativo mundial por ser um dos mais importantes conjuntos de ecossistemas do planeta. Uma de suas características é a sua rica biodiversidade (variedade de plantas e animais). Calcula-se, por exemplo, que nela existam 10 mil espécies de plantas (veja texto abaixo).
Na mancha urbana de São Paulo encontra-se áreas com vegetações secundárias da Mata Atlântica. São trechos que já sofreram alguma ação do homem (lavouras, derrubadas), mas que ainda assim sobreviveram e evoluíram.
Para conhecer melhor, é bom seguir algumas dicas que ajudam a comprender e a sentir melhor o ambiente.
Segundo a bióloga Inês de Souza Dias, 35, coordenadora do SOS Mata Atlântica, um dos atrativos mais fáceis de serem observados é a exuberante vida aérea.
O que mais chama a atenção são as plantas conhecidas cientificamente como epífitas, normalmente confundidas com parasitas.
São bromélias, orquídeas e samambais que usam a árvore como sustentação. Não sugam a seiva.
Também é fácil identificar árvores típicas da Mata Atlântica. Nesta época do ano, em que há poucas florações, fica mais fácil identificá-las. As mais conhecidas são as quaresmeiras, cujas flores são violetas e brancas. Há também as cássias, de flores amarelas.
Outra dica é se fixar nos detalhes das formas das folhas. Como a floresta tropical tem uma variedade muito grande, fica fácil encontrar folhas enormes em contraposição com as minúsculas.
Outra boa sensação é perceber a diferença de temperatura. A Mata Atlântica tem uma cobertura de árvores bem altas, que evita a insolação direta. O resultado é que no interior dessas áreas não há extremos de temperatura. O ar também é bem mais úmido.
Quem estiver caminhando pela avenida Paulista pode perceber isso na prática com uma simples caminhada pelo parque Trianon.
Inês recomenda ainda a observação nas chamadas interações do ecossistema: uma abelha polinizando uma flor; um beija-flor se alimentando do néctar; cogumelos e fungos surgindo em troncos e as folhas secas se decompondo.
Segundo a botânica Vera Bononi, 49, diretora do Depave (Departamento de Parques e Áreas Verdes da prefeitura), entre os parques municipais, a vegetação mais bem preservada de Mata Atlântica está no Alfredo Volpi (Bosque do Morumbi). "É o menos alterado".
Já entre as áreas estaduais, ela indica o Parque da Cantareira e o Horto Florestal, onde há boas opções de caminhadas.

Texto Anterior: 'Baixinha' aceita até adiar ida aos EUA
Próximo Texto: ONDE VER A MATA ATLÂNTICA NA CIDADE
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.