São Paulo, sexta-feira, 22 de julho de 1994
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Governo inglês nega perdão a Oscar Wilde

SÉRGIO MALBERGIER
DE LONDRES

O governo recusou o pedido do grupo homossexual Outrage de perdão póstumo a Wilde, que ficou preso por dois anos entre 1895 a 1897, condenado por "indecência e sodomia". Mas a abadia de Westminster, onde os monarcas britânicos são coroados, vai homenagear o escritor irlandês Oscar Wilde (1854-1890).
Wilde vai ganhar uma placa honorária no Poets' Corner da abadia, ao lado de escritores como D.H. Lawrence e Lord Byron. A placa será inaugurada em 14 de fevereiro de 1995, ano do centenário da estréia da peça "A Importância de Ser Prudente".
Famoso por livros como "O Retrato de Dorian Gray" e peças de teatro, Wilde ganhou inimigos na conservadora sociedade vitoriana com seu estilo de vida pouco convencional. Depois de sair da prisão, ele caiu em ostracismo na Inglaterra e morreu três anos depois, em Paris, em 1890.
O decano da abadia de Westminster quis deixar claro anteontem ao anunciar a inauguração da placa que a vida particular de Wilde não foi levada em consideração ao se decidir pela tardia homenagem. "Não nos preocupamos com sua homossexualidade porque não julgamos as pessoas por isso", disse o decano Michael Mayne.
O grupo Outrage, que entregou carta em maio à rainha Elizabeth 2ª pedindo o perdão a Wilde, disse que vai continuar pressionando pela absolvição do autor até o centésimo aniversário de sua prisão, em 25 de maio de 1995.
"Sua prisão foi tanto uma monstruosa perseguição a um homem homossexual quanto um ato de vandalismo cultural, que tirou de nosso país e do mundo um grande gênio", disse Peter Tatchell, do Outrage.
Já o Ministério do Interior britânico considera que a condenação de Wilde foi legal diante da legislação da época. "Não há motivo para se supor que Oscar Wilde não foi condenado e sentenciado de forma correta de acordo com a lei e a prática da época", disse James Toon, secretário pessoal do ministro do Interior, Michael Howard, em carta enviada ao Outrage.

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