São Paulo, sábado, 23 de julho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ibope favorece imagem de FHC em pesquisa

DA REPORTAGEM LOCAL

O Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião e Pesquisa) está realizando pesquisa na qual apresenta frases que enaltecem supostas qualidades de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e outras que sugerem defeitos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Após as perguntas sobre intenção de voto, o pesquisador lê enunciados sobre dois candidatos.
O objetivo é saber se as afirmações aumentam, reduzem ou mantêm inalterada a intenção de voto.
Entre as frases a respeito do candidato do PT estão as seguintes: "Lula é cercado por radicais que defendem as greves, as invasões de terra e a violência" e "Lula diz que luta pelos trabalhadores, mas nunca ajudou seus próprios irmãos que são pobres".
O entrevistador ainda fala que "Lula não está preparado para ser presidente, pois cursou até a quinta série" e que o candidato "vive da política" e não tem emprego fixo fora do PT "há anos".
Sobre FHC, o pesquisador diz que "está lutando para trazer mudanças para o Brasil, com ordem e estabilidade, de forma que o Brasil possa se desenvolver sem confusão, sem greves e violência".
Também há frases como "Fernando Henrique é a mão certa para levar o Brasil ao futuro" e "Fernando Henrique preparou-se como professor universitário e é reconhecido em todo o mundo".
Uma das afirmações compara diretamente os dois candidatos: "Fernando Henrique não entende os pobres tão bem quanto Lula, mas ele entende o Brasil muito melhor do que Lula".
A assessoria de imprensa de FHC diz que o candidato costuma trabalhar com o instituto de pesquisas MCI e que não há informação sobre a contratação do Ibope.
O gerente-geral de Operações do Ibope, Antonio Ricardo, diz que não pode confirmar nem negar a realização da pesquisa. Também afirma que o instituto não divulga o nome de seus clientes.
Segundo ele, as pesquisas do Ibope feitas para divulgação estão registradas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Até agora, o Ibope registrou cinco pesquisas. As duas primeiras (março e abril) teriam sido feitas por iniciativa própria. Outras três (28 de abril, 1º de junho e 1º de julho) foram contratadas pela Rede Globo, com quem o Ibope tem contrato. Todas antes da pesquisa a que a Folha teve acesso.
Ricardo afirma que as pesquisas com enunciados favoráveis e desfavoráveis têm as funções de detectar pontos fortes e fracos de cada candidato e de orientar a estratégia política dos clientes.

Texto Anterior: Procuradoria vai examinar agenda de secretária da empreiteira Sérvia
Próximo Texto: Quércia aposta na propaganda na TV
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.