São Paulo, domingo, 24 de julho de 1994
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Aos 11, Patrícia fazia sexo oral por US$ 10

MARCUS FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Grande parte da infância e o princípio da adolescência de Patrícia (nome fictício) estão relacionados às drogas e à prostituição.
Hoje, aos 13 anos, diz que parou com a prostituição e só fuma maconha. Patrícia começou a se prostituir aos 11 anos. Seus clientes eram caminhoneiros de outras cidades que traziam cargas para serem escoadas pelo porto.
Por US$ 10, Patrícia fazia sexo oral com os clientes. "Aqui tem muitas meninas que se prostituem. A maioria veio de São Paulo."
Ela fugiu de casa aos 9. Morava com a mãe em um quarto de um dos prédios quase centenários do centro de Santos.
O local, que mais parece uma ruína histórica, abriga menores de rua, prostitutas, travestis e viciados em drogas.
A entrada é guardada por um homem que cobra os aluguéis. Cabe a ele selecionar quem entra.
Depois de meses na rua, Patrícia voltou para casa. Tinha experimentado maconha.
"Eu não sabia o que era. Uma menina me ofereceu e eu fiquei dois meses na rua fumando maconha", afirmou.
Ao lado da mãe, prostituta, Patrícia construiu sua rotina fazendo pequenos roubos em lojas.
Foi presa "muitas vezes". Conta que apanhou da polícia. "Eles (os policiais) têm raiva da gente, querem comer as meninas. É igual bandido. Eles vão chutando, dando tapa na cara da gente."
Ela conta que, como sempre foi magra, passava com facilidade por janelas quebradas ou pequenos espaços, o que facilitava roubos. "Tem um monte de criança fazendo isso por aqui", disse.
O dinheiro do roubo era sempre usado na compra de drogas. "Depois da maconha, passei a cheirar cocaína. Aí, tive problemas no nariz e comecei a fumar crack."
Há um mês Patrícia não fuma crack e parou com a prostituição. "Eu quero engordar primeiro, para depois ser modelo. Não quero mais o crack. Agora só fumo maconha."
(MF)

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