São Paulo, domingo, 24 de julho de 1994
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Erosão do mar divide Ilha do Mel em duas

MÔNICA SANTANNA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A Ilha do Mel, um dos principais cartões postais do Paraná, está perto de se dividir em duas partes.
Essa pequena faixa torna-se inexistente quando a maré sobe, dividindo a ilha de fato.
O geólogo Antonio Paranhos Filho disse que não há como prever quando ocorrerá a separação, que ele considera "inevitável".
Paranhos acompanha o fenômeno desde 1991. Ele tem fotografias aéreas e documentos com medições comprovando a diminuição da faixa de terra.
A Ilha do Mel tem a forma de um número oito e a parte mais vulnerável à erosão é o istmo (pequena faixa de terra que une duas porções maiores de terra).
Segundo ele, a primeira medição foi feita em 1954. "Naquele ano, o istmo tinha 153 metros de largura", afirmou. A faixa foi diminuindo para 85 metros (1980), 55 (1985), 32 (maio de 1991) e 12 (maio de 1992).
Segundo ele, obras de engenharia podem evitar a separação, mas seriam caras demais, considerando o baixo valor das terras no local.
"As pessoas que vivem lá terão de se mudar para outras áreas", diz Paranhos. Além da praia Brasília, é permitida a ocupação em Encantadas, Fortaleza, Farol e Pontas Oeste. As demais áreas na ilha são reservas ecológicas.
Iracema Fagundes Correia faz há mais de 20 anos a travessia entre o Pontal do Sul e a Ilha do Mel. Para ela, assim como para a maioria dos nativos da ilha, uma lenda explica a separação.
Segundo ela, "o mar fica bravo porque lhe tomaram um pedaço então ele toma tudo de volta". Ela diz que o mesmo fenômeno já ocorreu na praia das Conchas, do lado oposto da ilha. "O mar invadiu a areia e derrubou casas. Depois, formou-se no local a praia mais bonita da ilha", conta.

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