São Paulo, domingo, 24 de julho de 1994
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Um legítimo Gilberto Braga, por fim

SÉRGIO DÁVILA
DA REVISTA DA FOLHA

Nada como um profissional. Melhor escritor de telenovelas do Brasil, Gilberto Braga estréia "Pátria Minha" na Globo, a última de sua trilogia que já teve "Dancin'Days" (1978) e "Vale Tudo" (1988).
As duas novelas anteriores marcaram época na tênue história televisiva brasileira. Extrapolaram a tela e, de uma maneira ou de outra, influenciaram a "realidade" –a abertura de 1979 e a eleição de 1989.
Até hoje pipocam cartas de telespectadores que pedem a reprise de "Dancing Days" no "Vale a Pena Ver de Novo" (atenção, Globo!). Até hoje, amigos trocam, como tesouro, fitas com capítulos de "Vale Tudo", que rendeu tese universitária inclusive.
Não será diferente com "Pátria Minha". A novela é muito boa, no mínimo. E vem no momento ideal: pós-tetra, antes das eleições gerais de novembro, durante o Plano Real. É difícil avaliar o "estrago" que fará, com seu tom ufano-realista.
Claro que se encontram maneirismos de Braga aqui e ali –afinal, ele é autor e tem estilo. Assim, a impagável Odete Roithman de "Vale Tudo" vira Raul Pelegrini (o grande Tarcísio Meira, o melhor ator de TV de sua geração disparado).
Ele encarna o lado "mau". Neste mesmo núcleo estão a trambiqueira Vera Fischer (cada vez melhor) e uma peruíssima Marieta Severo. Sua primeira cena, em que pede para o mordomo, afetada, "duas gotas e meia" de adoçante no chá, já é antológica.
O lado bom, geralmente muito mais sem sal que os malvados, não fica nada a dever aqui. Tem José Mayer, o perfeito herói nacional, Cláudia Abreu (meio forçada como uma adolescente de 17 anos, mas tudo bem) e a boa Renata Sorrah.
O elenco é impecável, na maioria (tem até Lília Cabral). Sorte, as modelos ficaram restritas a um núcleo mínimo. Gilberto Braga não permitiria.

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