São Paulo, quarta-feira, 27 de julho de 1994
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Preço da roupa não cai com tarifa menor

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A eventual redução da alíquota para importação de roupas aumentará rapidamente a oferta de importados no mercado nacional. Mas não resultará na queda de preços dos produtos no curto prazo.
A análise é dos empresários que produzem e vendem confecções no Brasil. Para eles, os impostos excessivos e as altas taxas de juros impedem o corte nos preços.
"A carga tributária incidente numa roupa vendida no Brasil representa 50%, em média, do preço do produto na loja", diz Marcos Santin, diretor da Abravest (Associação Brasileira do Vestuário).
Para ele, a redução do imposto de importação das roupas –hoje de 20%– aumenta a oferta de importados, mas não tem reflexo no preço, como deseja o governo.
Paulo Remy, diretor comercial da Vila Romana, diz que o produto importado demora de 90 a 150 dias para chegar no ponto de venda. "Por isso, o impacto no preço, se houver, é demorado".
Na análise de Salomão Rottenberg, diretor do grupo Vicunha, "é burrice" reduzir a alíquota de importação para cortar preços.
Segundo ele, as confecções custam caro porque as lojas colocam margens de até 75% em cima dos preços que pagam para confecções.
No levantamento feito pela Abravest, os preços das roupas aumentaram 3.361% nos últimos 12 meses –terminados em junho– contra 5.167% medidos pela Fipe e 4.852% do IGP-M, no mesmo período.
A Vila Romama já importa 20% das roupas que comercializa nas suas lojas de fábrica. Os produtos vêm da Romênia, Chile, Uruguai, Colômbia, Egito etc. Com a redução da alíquota para importação, a Vila Romana vai trazer mais artigos do exterior, informa Remy.
"Não podemos esquecer que as taxas de juros são altas e este custo financeiro vai para os preços".
Ele também lembra da carga tributária. Nos seus cálculos, os impostos chegam a participar com 57% do preço do produto na loja.
Fuad Mattar, presidente da Paramount Lansul, diz que a roupa brasileira não é cara.
Para ele, a redução da alíquota de importação tem efeito se o governo se comprometer a mexer nos impostos e nas taxas de juros.

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