São Paulo, quarta-feira, 27 de julho de 1994
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Rabin e Hussein divergem em Washington

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

O primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, e o rei Hussein, da Jordânia, criaram ontem um mal-estar diplomático no Congresso norte-americano, um dia depois de assinarem acordo que formalizou o fim do estado de guerra entre os dois países.
Rabin disse, diante do vice-presidente Al Gore e de dezenas de congressistas e diplomatas, que, apesar do acordo com a Jordânia, continuaria considerando Jerusalém "o coração do povo judeu".
Hussein rebateu a afirmação de Rabin dizendo que os "locais sagrados" aos muçulmanos, judeus e cristãos em Jerusalém "pertencem a Deus e só a Deus".
Diante da resposta inesperada, Rabin afirmou que "sendo assim, Jerusalém permanecerá como símbolo da paz e de seu significado".
As afirmações foram feitas 24 horas depois da assinatura da Declaração de Washington, que reconhece "responsabilidades especiais" da Jordânia sobre santuários islâmicos de Jerusalém Oriental.
Grupos fundamentalistas islâmicos criticaram o acordo. "Rejeitamos qualquer administração em Jerusalém que não seja a palestina. Jerusalém precisa voltar ao controle palestino, islâmico", disse Ibrahim al Iazouri, do Movimento de Resistência Islâmica Hamas.
A OLP (Organização para a Libertação da Palestina) também rejeitou a administração jordaniana sobre os santuários.
O acordo entre Rabin e Hussein pode dar início a um conflito político entre palestinos, nacionalistas e fundamentalistas, e a Jordânia.
"A Jordânia ficaria melhor se deixasse a questão de Jerusalém para os palestinos", disse Abdallah al Shami, do grupo Jihad (guerra santa) Islâmica.
Nos termos do acordo entre Israel e OLP, a discussão sobre o status de Jerusalém ficaria para negociações posteriores.
O incidente entre Hussein e Rabin em Washington foi precedido por elogios mútuos e declarações que reafirmaram o propósito de preservar a paz alcançada entre Israel e Jordânia.
O objetivo imediato do acordo entre Israel e Jordânia é estimular a economia dos dois países.

Com agências internacionais

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