São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 1994
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Bisol diz que sofreu 'processo de destruição'

DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O senador José Paulo Bisol (PSB-RS) disse ontem que foi "correta", do ponto de vista político, a decisão da Frente Brasil Popular de substituí-lo na chapa de Lula.
Em sua primeira aparição pública desde domingo passado, Bisol deu entrevista coletiva em frente à casa de sua família em Porto Alegre. Ele elogiou o novo candidato a vice, Aloizio Mercadante.
Visivelmente abatido durante a entrevista de cerca de 15 minutos, o senador disse que sofreu "um processo de destruição". A seguir, trechos da entrevista.

Pergunta - Como o sr. encarou essa decisão da frente?
Resposta - Correta. Política é uma coisa que se faz com a razão, pesando as conveniências, porque é uma luta, sobretudo numa fase eleitoral. É uma luta para se ganhar. E o Lula vai ganhar.
Pergunta - Como o sr. viu a ação de alguns aliados, até então seus também, pela sua saída?
Resposta - No mínimo eu tenho inteligência para saber como são os processos políticos. Fundamentalmente são processos coletivos. Em toda coletividade existem pessoas grandes e pessoas pequenas. Pessoas que ultrapassam a normalidade em matéria de dignidade e outras que são medíocres. Não tenho ressentimento nenhum.
Pergunta - O sr. acha que faltou coragem para defender a sua posição diante destas denúncias?
Resposta - Não faltou coragem. É que no momento adequado eles não tiveram a iniciativa. (A defesa) demorou e quando poderia ser feita, já era tarde, dado o caráter avassalador do processo de destruição.
Pergunta - O sr. acha que o fato de ter sido escolhido um candidato do PT para compor com o Lula, e não do PSB, pode dividir a frente?
Resposta - Existem políticos que têm uma tal significação e uma tal importância pelo seu trabalho, pela sua inteligência e competência, que num conjunto de partidos o nome deles produz imediata harmonia, unidade de decisão. Esse é o caso do Mercadante.
Pergunta - Esse episódio pode prejudicar a candidatura Lula?
Resposta - Algum prejuízo deve ter ocorrido, mas não irrecuperável. Tenho no meu coração uma convicção muito profunda de que, para a felicidade de todos nós, o Lula vai ser presidente.
Pergunta - Se o PSB pedir, o sr. aceita concorrer à reeleição?
Resposta - Não estou pensando nisso e é uma idéia que não me agrada em princípio.

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