São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 1994
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Surfe na marca do pênalti

CARLOS SARLI

No banquete da ASP de encerramento da temporada de surfe profissional de 93, no Havaí, o brilho da vitória do havaiano Derek Ho contrastava como vídeo projetado durante a festa. O filme exibia, em sua maioria, campeonatos disputados ao longo do ano, em ondas mais apropriadas 'a categoria pré-mirim.
Há uns quatro anos, chegou à minha mesa um projeto bem apresentado do OP Pro Fernando de Noronha. Concebido para ser um evento em que a qualidade seria a ênfase, o campeonato nunca saiu do papel.
Almoçando na semana passada com o gerente de marketing de uma multinacional que patrocina eventos esportivos, ele confessava sua decepção com o retorno de praia no último mundial amador, no Rio. Não fosse um "evento marcado" –um produto da TV Globo– o retorno do investimento no evento ficaria prejudicado.
Neste último fim de semana, o Limão Brahma Surfe Pro e o Confronto Natural Art, programados para ter início na sexta e no sábado, respectivamente, foram adiados a fim de esperar a subida do mar. No domingo, os eventos rolaram com altas ondas. O que essa miscelânia de datas e informações têm em comum?
As idas e voltas no sentido de tornar o surfe profissional mais digno e empolgante. Na última edição do jornal Now –especializado em surfe– a principal matéria, sob título "Quais os Problemas do Surfe Profissional Atual", discorria sobre pontos polêmicos e sugeria reformulações.
Entre elas: promover campeonatos onde as ondas estejam no auge da temporada. Dar aos eventos um período de espera de duas semanas. Reduzir a quantidade de participantes. Acabar com os descartes. Igualar a pontuação de todos os eventos. Retornar ao formato de uma única eliminatória, homem a homem. Acabar com os "wild-cards", convidados. Fechar a temporada no Havaí e dar prioridade à TV ao invés do público de praia.
Sobre este último item, tivemos uma experiência frustrante em 1988, aqui no circuito brasileiro. Depois da primeira temporada organizada com cinco etapas, patrocinadas por empresas de surfwear, a TV Globo comprou os direitos de arena –transmissão e comercialização– para o ano seguinte.
A temporada terminou com uma grande repercussão e o esporte viveu um novo momento de euforia. No ano seguinte, Associação e patrocinadores das etapas exigiram mais dinheiro para a renovação do contrato com a TV. Não rolou e o esporte perdeu.
Entre erros e acertos, é certo que o surfe profissional tem evoluído como produto e a TV tem e terá cada vez mais um papel importante nisso.
Por último, o encerramento da temporada na Austrália, ao invés do Havaí, por força do patrocinador, a Coca Cola australiana, é pior que final de Copa do Mundo decidida nos pênaltis.

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