São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 1994
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Justiça investiga 93 pessoas do vôo da CBF

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O juiz da 22ª Vara Federal do Rio, Lafredo Lisboa Vieira Lopes, deu ao ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, o prazo de 20 dias para esclarecer a liberação da bagagem da seleção brasileira.
O juiz também determinou que 93 integrantes do vôo que trouxe a delegação brasileira tetracampeã dos EUA sejam investigados.
A delegação do Brasil voltou no último dia 18 trazendo 17 toneladas em bagagem. O desembarque no Rio criou um impasse.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e os jogadores queriam a liberação da bagagem, mas os funcionários da alfândega queriam vistoriar as malas.
Teixeira e os jogadores pressionaram os funcionários. Eles teriam ameaçado não participar do desfile aguardado no Rio e devolver as medalhas que tinham recebido do presidente Itamar Franco.
Um telefonema de Teixeira ao chefe do Gabinete Civil da Presidência, Henrique Hargreaves, deu início a uma articulação em Brasília. Antes da liberação das bagagens, sem vistoria, o ministro Ricupero ligou para o aeroporto.
Lopes determinou ainda que seja apresentada a lista com os objetos trazidos dos EUA pelos demais passageiros do vôo que trouxe a seleção tetracampeã de futebol.
A decisão de Lopes foi tomada após analisar ação popular impetrada sexta-feira na Justiça Federal pelo advogado Jorge Beja, radicado no Rio, e pelo juiz da comarca de Caldas (MG), Ronaldo Tovani.
Na ação, Beja e Tovani pedem que o ministro seja condenado a restituir aos cofres públicos o valor dos impostos que a delegação deixou de pagar na chegada ao Brasil.
Os autores da ação pedem que o valor do imposto não pago seja calculado através de avaliação dos materiais importados trazidos pela delegação. Segundo funcionários da Receita no aeroporto do Rio, o valor do imposto pode chegar a US$ 1 milhão.
A lista dos 93 passageiros do vôo foi fornecida ao juiz pela Receita Federal, que também lhe entregou o endereço de 30 pessoas que estavam no avião.
O juiz ordenou a ida de um oficial às casas de cada um deles, a fim de identificar quais objetos vieram no vôo. Os 30 também terão 20 dias para apresentar esclarecimentos judiciais.
Na lista dos 30 estão o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, Carlos Alberto Parreira (técnico), Zagalo (coordenador), Mustafá Contoursi (presidente do Palmeiras e chefe da delegação), Moraci Sant'Anna (preparador físico) e Lídio Toledo (médico).
Entre os jogadores, constam da lista os nomes dos jogadores Romário, Bebeto, Dunga, Gilmar, Jorginho, Leonardo, Mazinho, Paulo Sérgio, Raí, Ricardo Rocha, Taffarel e Zetti.
Os demais 63 listados não têm endereço conhecido pela Receita e nem pela Justiça Federal.
Por isso, Lopes determinou que eles sejam convocados a prestar esclarecimentos através de edital publicado na imprensa.
A partir da publicação do edital, os convocados terão 30 dias para se explicar e apresentar na 22ª Vara Federal "relação detalhada dos bens adquiridos no exterior até a efetivação da diligência".
O juiz determinou que as emissoras Globo, Bandeirantes, SBT e Manchete forneçam em 15 dias as imagens do desembarque das bagagens dos passageiros do vôo.

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