São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 1994 |
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Estilistas escapam da síndrome de Paris
ERIKA PALOMINO; JACKSON ARAUJO
Com ênfase no corte e no trabalho sobre o tecido, os dois não mostraram a influência das coleções européias que todo mundo adora atribuir aos estilistas brasileiros. As informações estavam lá, sim, mas decodificadas e diluídas em estilos e convicções pessoais. Fugiram da síndrome de Paris. No primeiro dia do evento, segunda, Walter Rodrigues apresentou uma coleção branca, ganhando variações nos tecidos, cortes e texturas. Uma moda intelectualizada. Sem medo de reeditar peças feitas por ele há alguns anos, o estilista dá provas de coragem e honestidade também ao se lançar em busca do que ainda não domina. A diversificação da coleção de Rodrigues traduz a tentativa de esgotar as possibilidades da cor e da idéia do branco –sintetizada à perfeição na t-shirt branca com a palavra "branco" escrita em branco. Por sua vez, Fause Haten encheu os olhos da platéia, num desfile emocionante e de concepção impecável. Começou com o preto, em vestidos de comprimentos pelo joelho e masculinos secos e justos. A cor vinha também em quimonos e vestidos e tops de inspiração oriental. Depois, os verdes em crepes georgetes e linho com seda, abrindo para os vestidos anêmonas, variações sobre a forma do saruel. Elásticos enroladinhos dão as diferentes versões da roupa. Estavam lá também os tops tipo biquíni característicos do trabalho de Haten, desta vez ainda mais sofisticados. Intercalando as entradas, top models mostravam vestidos pretos com tratamento de alta-costura, em casemira (tecido de ternos masculinos). Sua forma era a de cones seccionados, separados por linhas de pesponto branco, usados sobre armações de tule, também branco. Segundo Fause, uma informação tirada das calças dos skatistas, transformada em roupa de noite.a Vestidos bordados com canutilhos quebrados reproduziam com romantismo gotas de chuva caindo na água, mostrados com "perucas" de plumas, brancas e pretas que deram tom dramático à cena. Finalizaram o desfile, com mostras da preocupação de Haten em relação ao acabamento e à qualidade das peças. Sinais do talento de um estilista que ainda pode ir muito mais longe. Olho nele. Colaborou JACKSON ARAUJO, free-lance para a Folha Texto Anterior: 'O Beijo 2348/72' faz rir da burocracia Próximo Texto: BASTIDORES Índice |
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