São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 1994
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Woodstock quer reviver os dias de glória

MÁRCIA CAETANO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Woodstock se prepara para reviver os seus dias de glória, quando jovens cabeludos lotavam suas ruas nas décadas de 60 e 70.
Localizada ao norte do Estado de Nova York, entre o rio Hudson e a montanha Ohayo, Woodstock é uma cidade de 6.000 habitantes, com construções em estilo "country" com mais de 200 anos.
Apesar de ter emprestado o seu nome ao festival de 69, Woodstock não foi o local do evento.
Em agosto de 1969, às vésperas do festival, de acordo com a decisão dos líderes políticos da cidade –que ficaram assustados quando viram cerca de 600 mil hippies– o evento foi transferido para uma fazenda em Bethel.
Mas, Woodstock entrou para a história e virou logotipo de paz e amor de suvenires na cidadezinha do alto de Catskills, a cadeia de montanhas do vale Hudson.
A rua principal, Tinker, é repleta de lojinhas de artesanato, sebos, butiques esotéricas e galerias de arte conceitual –o shopping dos sonhos de qualquer "neo-hippie".
Nas ruas, há feiras onde se vendem "antiguidades", como pôsteres de Jimi Hendrix.
Um olhar mais atento, porém, percebe que a Woodstock do "flower power" se rendeu à sofisticação capitalista. Há joalherias, antiquários e restaurantes mais caros.
O motivo de Woodstock ter se tornado um símbolo do movimento hippie está em sua própria história. Em 1902, Ralph Radcliffe Whitehead, um rico intelectual americano, decidiu fundar uma colônia de artistas que se mantivesse através da fabricação de móveis e venda de artesanato, numa fazenda nas redondezas da cidade.
Entretanto, a filosofia antiindustrial de Whitehead –que insistia em não utilizar máquinas na fabricação dos móveis– tornou o seu produto caro.
A colônia de artistas desapareceu, mas Woodstock passou a ser sinônimo de filosofia de vida ligada à natureza, um templo de arte e bem-estar no alto da selva capitalista: Manhattan fica a 193 km. Foi, porém, em 1969, quando os produtores de um concerto de rock decidiram realizar o evento em Woodstock, que a cidade se tornou símbolo da contracultura.
Como o concerto foi transferido às vésperas da data prevista, não houve tempo de mudar os cartazes. Woodstock foi consagrada como a capital da revolução hippie.

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