São Paulo, sexta-feira, 29 de julho de 1994
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Dívida causa corte de 150 mil leitos por mês, diz secretário

DA REPORTAGEM LOCALE DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O secretário estadual da Saúde de São Paulo, Cármino Antonio de Souza, disse ontem que se o Ministério da Fazenda repassar apenas R$ 268 milhões na segunda-feira, isso significará o fim do SUS (Sistema Único de Saúde).
Souza afirmou que "o calote de R$ 238 milhões" deverá resultar em 150 mil internações a menos por mês, além do cancelamento de milhões de atendimentos ambulatoriais.
"Os governos municipais e estaduais não têm como arcar com esse calote", afirmou o secretário.
As afirmações foram feitas após uma reunião do grupo de trabalho formado pelo governador Luiz Antonio Fleury Filho para tratar das dificuldades financeiras do Sistema de Saúde.
O grupo conta com representantes da Secretaria da Saúde, Procuradoria Geral do Estado, Assembléia Legislativa, União dos Vereadores, Federação das Misericórdias (Santas Casas), além de secretários municipais e prefeitos.
O atraso de 45 a 120 dias no pagamento também teria resultado, nos últimos três anos, em uma redução de cerca de 30 mil leitos oferecidos pelo SUS.
Apenas as Santas Casas do Estado de São Paulo estão atendendo, com 65% de sua capacidade.
Questionado sobre o atendimento, o secretário do Tesouro, Murilo Portugal, teria sugerido diminuir o serviço prestado à população, segundo Souza.
"Se o Ministério da Fazenda não voltar atrás, podemos todos pegar o boné e ir embora", disse o secretário da Saúde de São Paulo.
Cármino de Souza se referia à ameaça feita anteontem pelo ministro da Saúde, Henrique Santillo, de pedir demissão caso o presidente Itamar Franco e o ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, não apontem uma solução para o SUS.
Ontem, a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde disse que Santillo considera "inaceitável" a paralisação no atendimento proposta pelos hospitais.
Ainda segundo a assessoria, o ministério tem também vários programas que estão sem dinheiro.

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