São Paulo, sexta-feira, 29 de julho de 1994
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Eddie Murphy retorna como policial trapalhão

ANDRÉ LAHOZ
DE PARIS

Eddie Murphy está de volta. Novamente, interpreta Axel Foley, o policial negro de Detroit que vai pela terceira vez à rica Beverly Hills, no filme "Um Tira da pesada 3". Murphy, considerado o ator negro de maior sucesso da história, esteve em Paris divulgando seu novo filme, onde concedeu esta entrevista à Folha. Nela, fala de seu personagem, de sua vida pessoal e de seus planos futuros.

Folha - O que acha dos três "Um Tira da Pesada"? Quais as diferenças?
Eddie Murphy - O terceiro é o filme com mais ação. O primeiro é o mais engraçado, e é também o que considero o melhor de todos. Nunca pensei muito nisso.
Acho que o policial Axel Foley está mais maduro no terceiro filme. É normal, pois afinal ele agora é um homem mais velho, cujo chefe acabou de ser morto, e não mais o garoto que chega pela primeira vez a Beverly Hills.
Folha - Você acha que isso tem algo a ver com a sua própria história? Afinal, você também está mais velho...
Murphy - Não sei, nunca pensei nisso. Acho que não tem nenhuma interferência. Acho que Axel Foley, após passar dez anos na polícia, necessariamente deveria ser mais maduro.
Mas se eu quisesse, poderia fazer novamente o antigo Axel (dá sua famosa risada e faz o sinal norte-americano de OK que caracterizam a personagem).
Mas aí não seria outro filme, eu estaria apenas repetindo o que já fiz, e as pessoas viriam me dizer "como você se sente fazendo sempre a mesma coisa?"
Eu acho natural que as personagens também envelheçam. E se o público não gostar, é o direito dele. Aí é só esperar o próximo filme.(risos)
Folha - É verdade que você brigou com John Landis (o diretor de "Um Tira da Pesada 3") há alguns anos?
Murphy - Eu conheci Landis quando eu tinha 20 anos. Eu tenho 33 agora. Fizemos três filmes juntos, e tivemos uma briga no filme "Um Príncipe em Nova York" há seis ou sete anos. O que ocorreu foi apenas um desentendimento entre dois amigos, mas o paradoxo da minha profissão é que tudo se passa na frente das câmeras e dos olhares das pessoas.
Folha - Quem é para você o melhor comediante de todos os tempos?
Murphy - São tantos caras bons que acho impossível dizer quem é o melhor. Chaplin era grande, Pryor era grande, mas de outro modo. Deus não faz a mesma coisa duas vezes –cada comediante tem suas próprias características. O meu favorito é Pryor, mas não posso dizer que seja o melhor.
Folha - O que pensa da nova geração de diretores negros nos EUA, tais como Spike Lee?
Murphy - Eu acho que são bons diretores. Gosto de seus filmes. Mas acho que a Hollywood negra deve ter de tudo. Spike Lee é importante, mas Whoopi Goldberg também é.
Folha - Quais são seus novos projetos?
Murphy - Estou fazendo uma refilmagem de "O Professor Aloprado", o filme com Jerry Lewis. Na verdade, é como se fosse um novo filme.
Ele mostra como as pessoas estão cada dia mais obsessivas. Basta ligar a televisão que há uma enxurrada de propagandas com novos produtos. As pessoas têm que ter o mesmo corpo, os mesmos modelos. No filme, há um professor de universidade que tem um problema de peso e que é um cara meio diferente, que não segue esses modelos.

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