São Paulo, sexta-feira, 29 de julho de 1994 |
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A raposa e o leão
SÉRGIO AUGUSTO RIO DE JANEIRO – Rápido como um corisco, Romário, em campo, parece ter a cabeça nos pés. O diabo é que, fora do gramado, seu cérebro também calça 40. Haja vista o que ele disse a respeito do ex-secretário da Receita Federal. Quando precisar de um analista, Romário já sabe aonde ir: ao dr. Scholl.Antes, porém, ele será objeto de análise coletiva. Entre os dias 4 e 7 de agosto, a Sociedade Psicanalitica do Rio reunirá um grupo de expertos no hotel Glória para 27 mesas-redondas sobre mitos modernos. Em foco, presumo, estarão não apenas Romário, mas toda a seleção brasileira. E, se assim for, também Ayrton Senna, Carmen Miranda, Getulio Vargas, Roberto Carlos etc. Romário que me desculpe, mas nesse time merecia ser incluído o dr. Osiris Lopes Filho. Provam as centenas de cartas aos jornais que sua atitude no Caso Muambagate já o credenciou a uma vaga no olimpo nacional. Aliás, seu súbito prestígio junto à população o colocaria mais alto nas pesquisas eleitorais que a maioria dos candidatos que aí estão. Mais votos que o Brizola, por exemplo, ele conseguiria. Poderia citar outros, mas me fixo no Brizola por ser ele, como o ex-secretário da Receita, um obstinado. Apesar dos esquálidos índices que há meses mantêm em todas as pesquisas, não desiste da ilusão de um dia ocupar o Planalto. Pela frente bons ventos não o esperam. Seu aplauso à recente eleição de José Nader para conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro poderá lhe trazer sérios danos eleitorais. Sobretudo se o resto do país tomar conhecimento da escandalosa eleição de Nader. Presidente da Assembléia Legistativa do Rio e irmão de Feres Nader, aquele da máfia do Orçamento, o novo conselheiro do TCE representa o fisiologismo em seu mais alto grau de desfaçatez. Como a primordial função dos tribunais de contas é evitar atos de corrupção no Estado, já compararam Nader a uma raposa e o TCE, a um galinheiro. Diz outro ditado que a raposa faz o que o leão não consegue. Tendo em vista o que ocorreu com o dr. Osiris e o triunfo do Nader, no Bananão ele continua não só válido, como inserido no contexto. Texto Anterior: Os dois mundos de FHC Próximo Texto: As eleições e a casa dividida Índice |
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