São Paulo, sábado, 30 de julho de 1994
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Ex-premiê italiano é condenado à prisão

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O ex-premiê italiano Bettino Craxi, 60, foi condenado ontem a 8,5 anos de prisão por fraude. É o primeiro caso da Operação Mãos Limpas envolvendo um líder político que chega a uma sentença.
Craxi não estava na corte em Milão para ouvir sua condenação. Ele vive há meses em sua casa de praia na Tunísia sob a alegação de que seu estado de saúde não lhe permite viajar. Craxi é diabético.
Ele foi condenado por ter recebido US$ 7 milhões de propina do Banco Ambrosiano em 82. O banco queria o apoio do Partido Socialista para obtenção de um empréstimo de US$ 50 milhões da companhia estatal de energia ENI que salvaria a instituição.
Pouco depois o presidente do banco, Roberto Calvi, foi encontrado morto em Londres e o Ambrosiano faliu.
Os US$ 7 milhões foram depositados numa conta na Suíça cuja existência se descobriu logo após a falência do Ambrosiano. Só agora, no entanto, se chegou à conclusão de que o dinheiro pertencia ao ex-primeiro-ministro.
Silvano Larini, assessor de Craxi à época, foi condenado no mesmo julgamento a 5,5 anos de prisão. O ex-grão-mestre da loja maçônica P-2, à qual pertencia Calvi, Licio Gelli, pegou 6,5 anos. Leonardo Di Donna, diretor da ENI à época, foi condenado a 7 anos.
Os três, assim como Craxi, podem recorrer em duas instâncias superiores em liberdade.
"Não protesto contra a injustiça da sentença porque justiça não tem nada a ver com isso", disse Craxi através de seu escritório em Roma. "O processo violou todos os direitos de defesa".
Craxi é réu de três outros processos e objeto de 20 investigações de corrupção pela Operação Mãos Limpas. Ele é o maior personagem pego até agora pela investigação de corrupção que começou há dois anos em Milão e liquidou com os partidos tradicionais da Itália.
Uma juíza de Roma rejeitou no início da semana o pedido da promotoria de um mandado internacional de prisão contra Craxi. Seu passaporte, no entanto foi cassado e será retido se ele voltar à Itália.
As investigações de corrupção começaram a atingir Craxi em 93, quando ele teve que renunciar à liderança do Partido Socialista que dirigira por 17 anos.
Durante a década de 80 ele foi premiê por 3,5 anos, um recorde na Itália do pós-Guerra.

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