São Paulo, domingo, 31 de julho de 1994
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Mercado encerra julho com otimismo

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

O mercado financeiro colheu um saldo positivo ao encerrar o primeiro mês do Plano Real: 1) o investidor manteve-se fiel às aplicações financeiras, apesar da polêmica sobre o exato nível das taxas de juros; 2) não está havendo expansão de consumo, os valores resultantes da conversão à nova moeda assustaram os consumidores e a opção foi deixar o dinheiro no banco; 3) a remonetização, avaliada em R$ 4 bilhões, não preocupa o BC; 4) a política cambial, de sobrevalorização do real, mostra-se hipereficiente na contenção da base monetária; 5) Fernando Henrique Cardoso empatou com Lula.
O Banco Central cumpriu seus objetivos de administração do dinheiro para julho. Queria que o over-selic e o CDI pagassem juros nominais superiores ao índice oficial de inflação, o IPC-r. E acabou conseguindo.
Para um IPC-r de 6,08%, tanto o over quando o CDI mostram juros reais, embora modestos, de 0,75% e de 0,57%, respectivamente.
E o BC também queria que o investidor enxergasse a inflação segundo os critérios utilizados pelos índices ponta a ponta. Aparentemente, também conseguiu. Os números mostram que o investidor continua se mantendo fiel aos ativos financeiros.
Além disso, não há revolta com o fato de que o CDB comprado no dia 4 pagará um juro real líquido de apenas 0,38%.
O BC gostaria que os 6,48% de rentabilidade líquida desse papel, em julho (sem considerar dois dias de agosto), fossem vistos como juro real, já que a alta de preços ocorrida durante a aplicação ficou perto de zero.
Em agosto, o BC não precisará torcer para que o seu seja o mesmo entendimento do investidor. Retorna à política tradicional de calibragem de um juro real sobre uma expectativa de inflação.
O mercado opera com previsões de IPC-r entre 1,2% e 1,8% e juro real entre 1,9% e 2,5%.
Na sexta-feira mesmo, o BC já deixou claras as suas intenções para o mês que vem. Recomprou títulos públicos informalmente no over até o dia 2, à taxa de 6,03% e definiu um over de 6,49%.
Esses dois números indicam uma abertura do mês de agosto, amanhã, a 5,57%, com projeção de rentabilidade efetiva de 4,36%. Supondo-se juro real de 2,5%, o Banco Central opera com inflação de 1,8%.
Mas agosto começa com alguns aspectos ainda pendentes: 1) o impasse na questão do aumento salarial dos servidores federais foi colocado temporariamente de lado; 2) a crise de liquidez de algumas instituições de pequeno porte não foi satisfatoriamente debelada, apesar dos esforços do BC; 3) a queda-de-braço entre Banco Central e Receita Federal, parcialmente vencida com a vitória do primeiro na questão da Ufir, ainda continuará em agosto, em torno da reforma tributária dos ativos.

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