São Paulo, domingo, 31 de julho de 1994
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Ardil; Herança Genética; Preconceito; Apressadinha

BARBARA GANCIA

Ardil
"Leio sempre sua seção e acho as respostas bárbaras. Sou sócia-proprietária do Aída Bar, Sushi e Restaurante e em julho enfrentei um problema peculiar. Por ser mês de férias, inúmeros clientes frequentaram a casa acompanhados de suas 'reservas'. Como se deve instruir os garçons nesses casos? Temo alguma mancada."
Carina Cooper, S.P.

–"Ishpertinha",
Olha, se tem uma coisa que eu não suporto é que subestimem minha inteligência. Cá entre nós: como proprietária de um estabelecimento comercial, você está careca de saber que todo cliente deve ser bem tratado. Confesse: o único objetivo de sua amável cartinha é ver o nome de seu boteco publicado de graça na Revista da Folha, não é, minha linda? Tudo bem, desta vez passa. Mas, no futuro, se você quiser aparecer nas páginas desta gloriosa publicação, compre um anúncio nos espaços destinados à publicidade. Oportunista!

Herança Genética
"Estou com um grave problema. Meu pai insiste em acender o fogão sem abrir o tampo de vidro. Conclusão: o vidro estoura e é caco para todo lado. Agora, sua nova mania é mudar o canal da TV usando a calculadora em vez do controle remoto. O que eu faço?"
Silvia Machado, S.P.

–Lenhadora, querida,
Espere sentada. Como você sabe, sangue não é água. Algum dia sua filha também escreverá cartas desairosas à seu respeito.

Preconceito
"Peço um esclarecimento técnico-estético de sua parte. Sabe aquele apresentador gordo que fala sobre esportes na TV? Não seria salutar que ele perdesse boa parte de seu tecido adiposo para melhor casar sua figura com o tema que ele trata?"
"Anne Roxia", Belo Horizonte, MG.

–Cara Anne-dotista,
A quem você se refere? Ao Fernando Vanucci? Ao Galvão Bueno? Ou será que você é parente do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e está aludindo ao Luciano do Valle? Se porte atlético fosse pré-requisito para ser comentador esportivo, Nelson Rodrigues não teria escrito crônicas sobre futebol. Já que você é uma pessoa de mente tão aberta, por que você não organiza, aí em Belô, um concurso de beleza só para críticos de arte e cirurgiões plásticos?

Apressadinha
"Você não acha que, nós jornalistas, por vezes emitimos opiniões precipitadas e depois nos arrependemos? Dou um exemplo: quando a prefeitura pintou as pontes que cruzam as marginais, achei o resultado horroroso. Mas não é que agora, passados alguns meses, mudei de idéia e estou achando as pontes lindas?"
Cynira Arruda, S.P.

–Meu pezinho de arruda,
As pontes foram pintadas por etapas. Depois da primeira mão de pintura, realmente, a impressão era de que a emenda ficara pior do que o soneto. Hoje, concluída a maquiagem, o resultado é positivo. Quanto à sua pergunta, opiniões precipitadas não são exclusividade de jornalistas. Tome como exemplo o grande presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt. Para aniquilar Hitler, ele não se precipitou ao se aliar a Stalin?

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