São Paulo, terça-feira, 2 de agosto de 1994
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Fazenda tenta acordo para conter pressão da carne na entressafra

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo está buscando um acordo com os produtores de carne suína, de aves e de ovos para enfrentar a entressafra de carne bovina no segundo semestre.
O objetivo é incentivar, nos próximos 45 dias, o abastecimento destes substitutos e impedir pressões inflacionárias.
As afirmações foram feitas ontem pelo ministro da Fazenda, Rubens Ricupero. O ministro disse também que a carne bovina, assim como outros produtos que estão entrando na entressafra, podem ser importados da Argentina.
Ricupero voltou a criticar o setor de vestuário e afirmou que o governo "vai ter que atacar esse problema". Milton Dallari, assessor da Fazenda para preços, localizou no setor de confecções as maiores pressões.
Na avaliação do primeiro mês do real, Ricupero afirmou que o governo conseguiu obter avanços na contenção de preços. Citou os acordos com o setor de panificação, que reduziu o preço do pãozinho, e com algumas prefeituras, que baixou as tarifas de ônibus.
Mas o ministro se enganou ao citar o Makro Atacadista como exemplo de empresa que teria revisto seus aumentos. Ricupero disse que a empresa havia firmado o primeiro acordo de cessação de prática –previsto na Lei Antitruste. O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), ligado ao Ministério da Justiça, ainda não homologou nenhum acordo.
Ricupero voltou a lamentar as remarcações de preços ocorridas no segundo semestre de junho. Mas, até agora, nenhuma empresa foi punida. Duas –Laboratório Clímax S.A. e Unimed– estão sendo processadas por suspeita de aumento abusivo de preços e outras 250 estão sendo investigadas.
A maioria dos processos com base na lei antitruste acaba se perdendo no caminho que começa na Fazenda e acaba na Justiça.
Os assessores especiais do ministério para preços, José Milton Dallari e Daniel de Oliveira, priorizam acordos com as empresas denunciadas e, só em último caso, indicam a abertura formal de processo junto à SDE (Secretaria de Direito Econômico), ligado ao Ministério da Justiça.
Para agilizar o andamento dos processos, a Justiça firmou um convênio com a Procuradoria Geral da República. Aristides Junqueira disse que os órgãos da Fazenda também deveriam aderir.

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