São Paulo, terça-feira, 2 de agosto de 1994
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Muito chato

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

– Começando o horário eleitoral, vocês vão assistir?
– Não, com certeza não.
– Por que não?
– Porque é muito chato.
O diálogo entre um repórter da Bandeirantes e um casal revela bem o ânimo com que se espera, por toda parte, o início do horário eleitoral obrigatório. As reações irritadas não pararam aí. Outras, de eleitores na rua:
– Não vale a pena perder o meu tempo com isso.
– Eu prefiro ouvir música.
– Eu vou sair. O horário é uma encheção de saco.
Para uma idéia que nasceu com a melhor das intenções –esclarecer, até democratizar as eleições– o horário alcançou a unanimidade contrária com rapidez. E a grita vai crescer, agora que tiraram os poucos efeitos que quebravam o tédio da campanha.
Proselitismo
A televisão resignou-se, fora um e outro lamento, por exemplo, de Boris Casoy. Mas o rádio saiu ao ataque contra a propaganda. O problema é que vai tomar "duas horas do horário nobre" do rádio –de manhã e à tarde, somando-se à Voz do Brasil à noite.
E tudo, segundo a Jovem Pan, para fazer "proselitismo", para "as promessas de sempre".
Bola da vez
Fernando Henrique apareceu no rádio e na televisão dizendo que não existe nada contra o seu vice. E que, portanto, nem pensa numa troca de Guilherme Palmeira. Uma defesa bem parecida com aquela de Lula, no começo das denúncias contra José Paulo Bisol.
Segundo o petista, o seu vice não havia feito nada ilegal. Imoral talvez, mas ilegal não.
As semelhanças dos dois casos parecem ficar por aí. Ainda assim, os telejornais carregaram na tinta, ontem, pressionados talvez pelas críticas de Lula –que ainda ontem insistia estar recebendo um pior tratamento do que o do tucano. Daí algumas chamadas:
"Por causa das acusações contra Guilherme Palmeira, o PSDB já está pensando em mudar vice", no Jornal da Record.
Valeu o esforço, mas o fato é que os dois casos têm diferenças. Enquanto Bisol foi minado em seu próprio partido, o PSB, Palmeira parece ter todo o apoio do PFL. Era o que indicava, ontem na CBN, Roberto Magalhães.
Por outro lado, é bom lembrar que Guilherme Palmeira e o PFL só estão ali por causa da Globo –se a Globo quiser, o vice de Fernando Henrique fica.
E ontem o Jornal Nacional, mais uma vez, omitiu o assunto. Nada de pressão contra o nobre Guilherme Palmeira. Um antigo correligionário. Das Alagoas.

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