São Paulo, quarta-feira, 3 de agosto de 1994
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O PESO DOS VICES

1. Primeiras denúncias
José Paulo Bisol (PSB-RS)
Em 29 de junho, a Folha revela que emendas do então candidato a vice de Lula em favor de Buritis (MG), onde tem uma fazenda, estavam superestimadas em mais de US$ 8 milhões. Em seguida, a Folha mostra que uma das emendas o favorece –para uma ponte que facilitaria a comunicação de sua fazenda com a cidade.
2. Desdobramento
Empréstimos
Vem a público informação de que o senador gaúcho tomou empréstimos subsidiados da Caixa Econômica Federal no Rio Grande do Sul, valendo-se de convênio da instituição com a associação de magistrados local.
Empréstimos 2
A Folha revela que, nos últimos sete anos, Bisol tomou 16 empréstimos em condições especiais no Banco do Brasil, conseguindo prazo maior para quitar a maioria.
Aposentadoria
Surge a informação de que Bisol se aposentou como desembargador no Rio Grande do Sul, após sete meses na função.
Documentos
O prefeito de Buritis (MG), Pedro Jacy Taborda (PFL), mostra documentos que desmentem o argumento de Bisol de que as emendas teriam sido falsificadas após sua assinatura.
Filho assessor
A Folha revela que Bisol manobrou para empregar seu filho Ricardo na Assembléia Legislativa gaúcha, em 1983, quando era deputado estadual.
3. Decisão
Em 26 de julho –27 dias após as primeiras denúncias–, Lula se reúne com os presidentes dos outros partidos da Frente Brasil Popular para definir a saída de Bisol e o nome de Aloizio Mercadante como vice.

1. Primeiras denúncias
Guilherme Palmeira (PFL-AL)
Em 6 de julho, dois ex-funcionários da empreiteira Sérvia, a secretária Ana Lúcia Duarte e o motorista Otair de Oliveira, acusam a empresa de pagar propinas a parlamentares e assessores, entre os quais o vice de FHC. Palmeira nega as denúncias. O deputado Chico Vigilante (PT-DF) pede investigações.
2. Desdobramento
Prefeitura
A Folha revela que, em dezembro de 1990, a prefeitura de Maceió assinou com a Sérvia contrato de Cr$ 4,3 bilhões (valor da época), com aditamento de Cr$ 950 milhões para obras não previstas inicialmente. O prefeito, João Sampaio Filho, era ligado ao grupo político de Palmeira.
Esquema PC
A Sérvia tinha uma conta "fantasma" que encaminhava recursos ao esquema PC. O dono da Sérvia, Tales Sarmento, disse que ela era usada para mandar dinheiro a políticos do Nordeste. O Ministério Público apura se Palmeira é um deles.
Campanha ao Senado
Através de outra conta "fantasma", PC mandava dinheiro para a campanha de Geraldo Bulhões (PSC) ao governo de Alagoas em 90. A Folha apurou que Bulhões repassava os recursos para o comitê de Palmeira, candidato ao Senado.
Volta do motorista
Em 29 de julho, Otair Oliveira reaparece e afirma ter feito pelo menos 15 depósitos da Sérvia na conta de Carlos Abraão Moura, assessor de Palmeira. Diz também que distribuía presentes da Sérvia pelas casas dos deputados.
Depoimento
Otair Oliveira reafirma as denúncias na Procuradoria da República, que decide convocar Moura para depor.
3. Decisão
Lideranças do PFL se reúnem em São Paulo –também 27 dias após as primeiras denúncias– para decidir a substituição de Palmeira. FHC exige rito sumário para o afastamento, a fim de anunciá-lo no horário eleitoral.

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