São Paulo, quarta-feira, 3 de agosto de 1994
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Secretário manda investigar adoção internacional

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Odyr Porto, abre nesta semana inquérito policial para investigar irregularidades em processos, que tramitam em São Paulo, de adoção internacional de crianças.
A abertura do inquérito foi solicitada pelo cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, que comanda o Núcleo de Estudos sobre a Violência, da Universidade de São Paulo.
O pedido de investigações, feito em nome da Comissão Teotônio Vilela de Direitos Humanos, diz que o órgão tem recebido denúncias de supostas irregularidades"envolvendo as Varas da Infância" de São Paulo.
O documento ainda sustenta que haveria em São Paulo "uma rede de cooptação de pais de baixa renda para cessão de pátrio poder".
Segundo o pedido de abertura de inquérito, pais de classe baixa têm sido contatados por assistentes sociais, "de forma ilegítima", para que doem seus filhos a casais, de preferência estrangeiros.
Segundo o artigo 23 do Estatuto da Criança e do Adolescente, a falta de condições econômicas de uma família não justifica a perda dos filhos para a Justiça, sob acusação de não haver condições materiais suficientes para educação das crianças.
Problemas sobre processos de adoção são recorrentes e, segundo documento da Câmara dos Deputados em Brasília, obtido pela Folha, 3.000 crianças deixam por ano clandestinamente o país, e outras 1.500 vão para o exterior com processos de adoção legalizados.
Outro relatório, da Polícia Federal, sustenta que o preço "de mercado", por uma criança adotada, é de US$ 8.000.
Os países "importadores" seriam, nessa ordem, Alemanha, Holanda, Bélgica, Israel, França, Itália, Inglaterra, Estados Unidos e Canadá.

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