São Paulo, quarta-feira, 3 de agosto de 1994
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Internet tem trégua negociada

JEFF HECHT
DA "NEW SCIENTIST"

Um escritório de advocacia do Arizona (EUA), que provocou confusão ao enviar diversas mensagens publicitárias pela Internet, negociou trégua temporária no uso da rede mundial.
O caso pode terminar levando à criação de regras mais formais sobre o que deve ou não ser transmitido pela Internet.
O Canter & Siegel, de Phoenix, criou uma tempestade eletrônica, em 12 de abril, ao enviar uma nota oferecendo seus serviços a mais de 5.000 grupos de discussão on line diferentes, conhecidos como "newsgroups" da Usenet.
Agora, o escritório fez um acordo com a companhia que lhe dá acesso à rede comprometendo-se a não enviar mensagens desse tipo.
Enquanto isso, a Internet Society, grupo internacional de cem fornecedores de serviços e 4.000 indivíduos, está discutindo códigos formais de conduta.
As regras informais de etiqueta na rede desaprovam o envio de uma mensagem tão geral e indiscriminada quanto a do escritório de advocacia.
Depois de contínuos protestos e ameaças do cancelamento de duas contas da Internet, o Canter & Siegel concordou em deixar de enviar mensagens de massa a grupos de discussão da Usenet "até que a questão seja resolvida", segundo Martha Siegel, sócia do escritório.
O conflito centra-se em duas questões: o que deve ser enviado pela rede e quem deve decidir a respeito.
A Internet e a Usenet são entidades distintas. A Usenet é uma rede de milhares de grupos de discussão on line, enquanto a Internet é a "rede das redes", liga usuários de computadores pelo mundo todo.
Os serviços da Internet dão acesso aos "newsgroups" da Usenet. Não há autoridade central em nenhuma das duas organizações. Isso acabou gerando um código informal de conduta entre usuários.
Muitos dos grupos da Usenet aceitam mensagens comerciais, mas apenas as que se relacionam ao assunto de interesse.
Uma das diretrizes limita as mensagens enviadas a um "newsgroup" ao tema; pode-se enviar mensagens a vários grupos, mas não para toda a rede.
Colocar anúncios irrelevantes equivale a "roubar recursos de outras pessoas, que são obrigadas a pagar para ler mensagens", diz Daniel Dern, autor de "The Internet Guide for New Users".
Siegel diz que seu escritório recebeu mais de 20 mil respostas ao seu anúncio de 12 de abril, que oferecia ajuda para entrar num concurso para obtenção de vistos de residência nos Estados Unidos. "Pouco menos de mil pessoas tornaram-se clientes", diz.
Outros fizeram o que Siegel classifica de "vandalismo eletrônico". Pessoas enviavam arquivos imensos de informações inúteis, esgotando a capacidade de recepção da companhia.
Essas "bombas eletrônicas" também causaram dificuldades a terceiros, pois usaram espaço do disco rígido do computador, pelo qual o escritório se liga à Internet.
A trégua pode ser transitória. Siegel diz que, se as companhias que dão acesso à Internet decidirem por consenso o que pode ser colocado na rede, "entrarão em dificuldade. Podem ser processadas por restrições ao comércio e à liberdade de expressão".
Tradução de Paulo Migliacci

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