São Paulo, quarta-feira, 3 de agosto de 1994
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Disenteria pode matar até 45 mil ruandeses

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A OMS (Organização Mundial da Saúde) disse ontem em Genebra que a epidemia de disenteria que atinge ruandeses no Zaire pode matar até 45 mil pessoas.
Segundo a OMS, a disenteria substituiu o cólera como maior problema de saúde nos campos.
A doença pode afetar um terço dos refugiados, matando até 15% dos doentes. Estão em Goma mais de 1 milhão de pessoas.
"O número de casos de cólera caiu 50% em relação a uma semana atrás, mas a doença está sendo rapidamente substituída pela disenteria, que pode ser mais séria porque é mais difícil de ser tratada", disse um porta-voz da OMS em Genebra.
A disenteria é uma inflamação intestinal causada por bactérias. Provoca defecações frequentes com sangue e cólicas.
A OMS afirmou que o número de mortes em Goma se estabilizou na casa de mil por dia, o que significa uma queda em relação à média de quase 1.800 mortes diárias registrada na semana passada.
O êxodo de refugiados para o Zaire, a maioria da etnia hutu, começou em meados de julho, após vitória dos tutsis da Frente Patriótica Ruandesa na guerra civil.
Os hutus fugiram para o Zaire temendo ser mortos pelos tutsis.
O Alto Comissariado para Refugiados da ONU estima que 22 mil pessoas morreram nos campos desde o início do êxodo. O Unicef (fundo da ONU para a infância e adolescência) disse anteontem que os mortos são pelo menos 50 mil.
Segundo a organização Médicos Sem Fronteiras, os ruandeses portadores do vírus da Aids são as maiores vítimas das epidemias.
A ausência de barreiras imunológicas os tornaria mais vulneráveis a doenças.
O grupo estima que 20% de toda a população de Ruanda era soropositiva antes da guerra civil.
Médicos da operação militar francesa acreditam que o vírus da Aids contaminava entre 20% e 30% da população de Kigali antes do início do conflito.
Funcionários da ONU pediram ajuda de militares da França e dos EUA para impedir roubos de suprimentos por soldados do Zaire no aeroporto de Goma.
O Departamento de Recursos Humanitários da ONU obteve doações de US$ 434 milhões de cerca de 40 países para Ruanda.

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