São Paulo, quinta-feira, 4 de agosto de 1994
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Comando tucano vê prejuízo em escolha

JOSIAS DE SOUZA ; GILBERTO DIMENSTEIN

JOSIAS DE SOUZA
Diretor-executivo da Sucursal de Brasília
GILBERTO DIMENSTEIN
Diretor da Sucursal de Brasília
O comando de campanha do presidenciável Fernando Henrique Cardoso (PSDB) teme que a indicação de Marco Maciel (PFL-PE) para a vaga de vice acabe trazendo prejuízos políticos para a chapa.
O principal receio é o de que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tire proveito da indicação.
Lula poderá explorar o passado político de Maciel, indentificado com as gestões militares.
Maciel foi, na verdade, imposto pelo PFL. Fernando Henrique havia vetado pessoalmente o nome do senador em reunião com o comando pefelista, há dois meses.
O veto foi justificado de forma polida. FHC alegou que Maciel, "bom até para disputar a Presidência", não somaria, já que tinha um perfil eleitoral semelhante ao seu.
Em diálogos com seus aliados, o candidato revelou os verdadeiros motivos do veto.
Maciel tem, na sua opinião, uma imagem política muito distanciada do PSDB. Menciona-se a sua vinculação com os militares.
Considera-se, ainda, que o substituto de Guilherme Palmeira é identificado com o que os tucanos chamam de métodos fisiológicos do governo Sarney.
A antipatia por Maciel é unânime na direção do PSDB. Compartilham da opinião de FHC Tasso Jereissati, candidato do partido ao governo do Ceará, e Sérgio Motta, secretário-geralda legenda.
Quando Palmeira foi escolhido, a cúpula do PSDB avaliava que ele seria insignificante demais para atrapalhar. Escolhido pelo PFL, Maciel não participou da reunião em que seu nome foi recusado.
Na madrugada de ontem, Fernando Henrique não teve como impor novo veto. A definição foi tomada na casa do próprio Maciel.
Os nomes preferidos do PSDB eram Roberto Magalhães e Gustavo Krause, ambos do PFL pernambucano. O PSDB sabia que Jorge Bornhausen, presidente do PFL, não o suporta.
Quanto a Krause, alegou-se que o partido não teria condições de articular uma outra candidatura para o governo de Pernambuco.
Como último recurso, o PSDB tentou emplacar o nome de Vílson Kleinubing, ex-governador de Santa Catarina. Os pefelistas argumentaram que ele está praticamente eleito senador pelo Estado.
Outra razão que levou FHC a aceitar Maciel foi o receio de que o PFL voltasse a insistir no nome de Luís Eduardo Magalhães (BA), filho de Antônio Carlos Magalhães.
ACM chegou a perguntar a Luís Eduardo se não gostaria de ocupar o lugar de Palmeira. O filho deu resposta negativa.
Seguindo o protocolo, FHC também consultou Luís Eduardo: "Quem não aceitou com 16% não pode aceitar com 30%", disse o filho de ACM.

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