São Paulo, quinta-feira, 4 de agosto de 1994
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Guadalupe intriga ciência

ROXANA VARELA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Visitar a basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, na Cidade do México, é uma boa maneira de sentir a devoção religiosa do povo mexicano.
A lenda conta que Nossa Senhora apareceu a um índio chamado Juan Diego em 1531 e deixou estampada a sua imagem na "tilma" (túnica indígena) do camponês.
O manto atrai milhares de mexicanos que vêm de todos os lugares do país para pagar promessas e fazer pedidos à Virgem. Homens e mulheres atravessam a praça Monumental de joelhos em sinal de devoção.
A sinceridade das cenas comovem a todos que assistem a essa forma de agradecer os "milagres".
Um dos mais conhecidos é o atentado que a imagem sofreu em 1921. Um homem colocou flores com uma bomba no altar-mor da antiga basílica –a nova foi inaugurada em 1976.
A explosão chegou a entortar uma cruz de latão e evitou que estilhaços destruíssem a túnica. Hoje, essa cruz está em exposição.
Mas o principal milagre é a própria conservação do manto de Juan Diego. Durante esses 462 anos, a imagem não desbotou nem desfiou. Estudiosos do mundo inteiro vão a capital do México tentar explicar o fato.
O alemão Richard Kuhn, prêmio Nobel de Química, analisou uma mostra da "tilma" e concluiu que os corantes da imagem não pertencem ao reino vegetal, mineral ou animal.
Em 1979, Philip S. Callagan e Jody B. Smith, dois norte-americanos da equipe científica da Nasa, submeteram a túnica a uma análise com raios infravermelhos e chegaram à conclusão que o tecido não tem nenhuma preparação e torna inexplicável a conservação do rosto, mãos e túnica da Virgem.
O resto das formas –raios, orla da túnica, estrelas, desenhos, broche, pulseiras etc.– foram acrescentadas à imagem original por mãos humanas.
"Não existem pinceladas e a técnica é desconhecida na história da pintura", foram palavras usadas no relatório final dos cientistas.
Outra característica da "tilma" é a imagem de um homem no olho direito da Virgem.(RV)

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