São Paulo, sexta-feira, 5 de agosto de 1994
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Itamar diz que não admite repasse a preços

SÔNIA MOSSRI
ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES

O presidente Itamar Franco disse ontem que não vai admitir o repasse automático para os preços dos reajustes salariais concedidos aos trabalhadores. Ele afirmou também que não haverá novos reajustes de tarifas públicas até o final do seu governo.
"Evidentemente, nós não vamos permitir que aumentos abusivos sejam incorporados aos preços", afirmou o presidente, ao chegar no Hotel Avear, em Buenos Aires.
O ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, afirmou que o governo tem "um arsenal" para usar contra aumentos considerados abusivos.
Ricupero não quis antecipar os instrumentos que o governo tem para coibir os reajustes.
Declarações de igual teor contra os repasses de reajustes salarias aos preços foram dadas à tarde, em Brasília, pelos ministros Marcelo Pimentel (Trabalho) e Alexis Stepanenko (Minas e Energia).
Ao chegar ontem em Buenos Aires para participar da reunião de cúpula do Mercosul, Itamar disse que iria discutir com Ricupero as declarações do assessor especial da Fazenda, José Milton Dallari, sobre o repasse aos preços dos reajustes salariais nas datas-base.
"Não é a inflação passada que tem que ser calculada pelo pico", disse Itamar. Cerca de 15 minutos depois, os jornalistas foram chamados para uma nova entrevista.
Desta vez, Itamar disse que as declarações de Dallari, alvo frequente de críticas pelo próprio presidente, não tinham sido "bem compreendidas".
Ricupero se esforçou em tentar mostrar que não havia descontentamento do presidente com Dallari.
Em relação às tarifas públicas, foi o presidente que tomou a iniciativa de anunciar ontem que não autorizará mais nenhum aumento.
Na prática, isto significa que o governo pretende manter o câmbio fixo até 1º de janeiro, quando o sucessor de Itamar toma posse.
Antes de embarcar para a Argentina, Itamar disse em Brasília que está "aguardando os números da economia,, antes de definir o reajuste do funcionalismo.
A definição sobre o assunto ficou para a próxima semana. Itamar reconheceu que o funcionalismo precisa de um aumento, mas reiterou a necessidade de ter cuidado com o plano.
Colaborou a Sucursal de Brasília

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