São Paulo, sexta-feira, 5 de agosto de 1994
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PFL vai ligar Mercadante a militares

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A executiva do PFL acertou ontem o discurso de defesa do candidato a vice na chapa de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), senador Marco Maciel (PFL-PE).
Para combater a insistência do PT em associar Maciel ao regime militar, o PFL vai lembrar que o deputado Aloizio Mercadante (PT-SP), vice de Luiz Inácio Lula da Silva, é filho de general.
Mercadante, de fato, é filho do general da reserva Oswaldo Muniz Oliva, que já dirigiu a Escola Superior de Guerra.
O PFL preferiu desconsiderar a insatisfação do PSDB com a escolha de Maciel para vice de FHC. Tratou a irritação dos tucanos como "anônima".
Como um coral afinado, os membros da Executiva do PFL deixaram a reunião de ontem com as respostas prontas.
"Sobre esse assunto, o PT deve consultar o general Oliva", afirmou o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, respondendo às críticas do PT sobre os vínculos de Maciel com os governos militares.
"Marco, no regime militar, estava eleito. Quem estava no quartel era o general Oliva", disse o líder do PFL na Câmara, Luís Eduardo Magalhães (BA).
Maciel foi um dos articuladores do "pacote de abril", baixado pelo então presidente Ernesto Geisel, em 1º de abril de 1977.
O "pacote de abril" fechou o Congresso e criou a figura do senador biônico, isto é, indicado pelo Executivo. Foi uma forma de o governo garantir maioria no Congresso.
Maciel era presidente da Câmara e ajudou a articular o "pacote".
Bornhausen afirmou que o presidente do PSDB, Pimenta da Veiga, e FHC têm sido claros no apoio à Maciel.
"Esse descontentamento (no PSDB) está sendo fabricado. Nós somos rápidos no gatilho. As crises são contornadas com rapidez", disse Bornhausen.
"É o PSDB anônimo. Não vejo nome de ninguém nessas declarações", afirmou Magalhães sobre a insatisfação do PSDB.
A reunião da Executiva do PFL ontem homologou o nome de Maciel a vice de FHC atendendo a um procedimento exigido pela Justiça eleitoral.
Depois da reunião, Maciel e outros três membros da Executiva foram ao apartamento do senador Guilherme Palmeira (PFL-AL).
Foi uma homenagem ao senador, que renunciou à candidatura a vice de FHC depois de denúncias que o ligaram a suposto esquema de corrupção liderado pela empreiteira Sérvia.
O presidente do PT, Rui Falcão, disse ontem que o contra-ataque do PFL "não é uma boa estratégia". Segundo ele, "uma coisa é o candidato, outra é o pai dele".
Colaborou Reportagem Local

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