São Paulo, sexta-feira, 5 de agosto de 1994
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Culinária italiana se dá bem com frutos da casa

JORGE CARRARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

É sempre possível combinar pratos da culinária francesa com um pinot noir norte-americano ou um cabernet australiano sem precisar apelar a um exemplar das cepas de Bourgonha ou Bordeaux, por exemplo. Mas com as alquimias gastronômicas italianas, a substituição é mais complicada.
A Itália possui um belo leque de uvas nativas, ainda pouco difundidas no resto do planeta. Por isso são poucos os equivalentes estrangeiros que tenham o paladar peculiar dos seus tintos e a sua enorme afinidade com os perfumes e sabores das iguarias do país.
Nada como os barberas e os dolcettos para escoltar os agnolottis e cannellonis da sua terra natal. Ou os barolos e barbarescos para brilhar junto aos brasatos e aos pratos de caça da região do Piemonte.
Mas talvez os goles mais versáteis no sustento das diversas vertentes da culinária italiana sejam os oriundos da região da Toscana.
As suas colinas são conhecidas pelos chiantis, mas a uva Sangiovese –que dá forma a estes tintos– modela também por lá outros exemplares interessantes.
Um deles –ótima opção para arrostos e aqueles grelhados perfumados com alecrim– é o Cepparello 90, um "vino da tavola", de Isole e Olena. Ele tem aroma intenso de fruta, carvalho e um leve toque balsâmico que se prolonga no sabor equilibrado, sustentado por bom corpo e taninos.
Já expoentes mais rústicos e condimentados da cozinha da "bota" podem ser acompanhados pelo Rosso de Montalcino 90, de Enzo Tiezzi, um vinho encorpado, tânico ainda, mas com paladar agradável que combina frutas vermelhas, especiaria e madeira.
Entre a fruta do primeiro e a robustez do segundo, fica o Simposio 90, um Vino Nobile de Montepulciano, da Tenuta Trerose. Com seu perfume e sabor marcado por cravo, baunilha, fruta (ameixas) e certo fundo balsâmico, este é um vinho balanceado, capaz de casar também com os pratos mais suaves da cozinha italiana.

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