São Paulo, domingo, 7 de agosto de 1994
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A era dos lucros voltou

ERIVELTO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Após períodos de instabilidade econômica parece que o sol volta a brilhar para as empresas brasileiras. O biênio 91/92 provavelmente não trará saudades pois obtivemos um dos piores desempenhos já registradas em nosso país.
O fim do túnel chegou. As empresas apresentaram, em 1993, uma rentabilidade de 1,3% contra - 0,9% atingida em 1992. Após consecutivas quedas, desde o início do governo Collor, o PIB volta a crescer quase 5%.
A busca frenética da eficiência fez com que os custos diminuíssem, aumentando a utilização da capacidade ociosa. Como consequência os preços tendem a ficar competitivos, obrigando cada vez mais as empresas a buscarem eficiência, sob pena de desaparecerem.
A eficiência foi, sem dúvida, fator preponderante para esse êxito. Nesse contexto, os principais fatores que passaram a nortear as atividades empresariais foram:
1) Busca de maior produtividade atavés de mudanças nos processos produtivos e automação;
2) Cliente/mercado passa ser o enfoque principal;
3) Desburocratização dos processos;
4) Reestruturação interna com redução de níveis hierárquicos e pessoal altamente produtivo, treinado e competente;
5) Conceito de qualidade.
As 300 maiores empresas de capital aberto perfazem um ativo total de US$ 240 bilhões, sendo 68,3% constituídas de empresas estatais, 30,7% de capital privado e 1% com capital estrangeiro. Dentre as estatais destaque-se a Eletrobrás, cuja participação é de 23,1%.
A receita líquida dessas empresas monta um total de US$ 68 bilhões, 9,1% superior ao ano anterior.
O resultado líquido somado das 300 maiores empresas de capital aberto foi de US$ 1,8 bilhão, demonstrando brutal recuperação em relação ao ano de 1992 onde observamos um prejuízo conjunto de US$ 505 milhões.
O maior lucro e o maior prejuízo ficaram com as empresas estatais, sendo que o maior lucro coube à Telebrás (US$ 1,5 bilhões) e o maior prejuízo da Eletropaulo ( US$ 709 milhões).
Dentre as empresas de capital privado, a Usiminas (privatizada em 1991) apresentou o maior lucro (US$ 246 milhões).
Cento e oito empresas (36%) das 300 maiores tiveram prejuízo em 1993.
As aplicações financeiras, em 1993, representaram 5,9% das receitas líquidas, o que demonstra que as empresas são injustamente acusadas por alguns setores da sociedade de que uma boa parte de seus lucros são obtidos através das aplicações no mercado aberto.
Em 1993 destacam-se os seguintes setores em rentabilidade dos recursos próprios (lucro líquido sobre o patrimônio líquido): bebidas e fumo (+11,0%) revenda de máquinas e veículos (+10,0%), minerais (+6,5%), comércio (+5,3%) e eltroeletrônica (+2,3%).
Os piores resultados ficaram com os setores de transporte, principalmente os aéreos, mecânica (-16,4%), papel e celulose (-11,6%) e alimentação (-6,1%).
Quanto ao nível de endividamento, os setores que encontram-se mais endividados são: transportes, mecânica e eletro-eletrônica.
O setores que apresentam uma maior liquidez (bens realizáveis menos obrigações de curto prazo) foram: construção e engenharia (2,6), revenda de máquinas e veículos (1,7) e minerais (1,7). Os que apresentam liquidez baixa são: transporte (0,4), papel e celulose (0,5) e serviços públicos (0,7).
O setor que apresentou o pior desempenho de 1993 foi o de transportes aéreos, o prejuízo das três maiores empresas, – Varig, Transbrasil e Vasp – monta em US$ 400 milhões.
As perspectivas para 1994 são ainda mais animadoras. Os balanços financeiros relativos ao primeiro trimestre de 1994 demonstram que os resultados foram ainda melhores.
As empresas encontram-se capitalizadas e bem estruturadas e prontas para o novo plano econômico.

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