São Paulo, domingo, 7 de agosto de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

USP quer contratar 400 professores

PAULO SILVA PINTO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Universidade de São Paulo (USP) começa nesta semana a reverter o processo de redução do número de professores.
A reitoria vai comunicar aos diretores das unidades de ensino (faculdades) a autorização para que cada uma contrate através de concurso um professor.
O reitor Flávio Fava de Moraes quer incorporar à USP nos próximos quatro anos, 400 professores que já tenham o título de doutor e sejam jovens, para "rejuvenescer" os quadros universitários.
"A USP tem professores prestes a se aposentar com excelente formação. Eles precisam transmitir suas experiência a novos talentos", diz ele.
Fava conta com a aposentadoria compulsória de 120 professores, que vão completar 70 anos nos próximos quatro anos. Mais 800 que estão com tempo de serviço suficiente para se aposentar.
Hoje a USP tem 5.177 professores, 300 a menos do que há quatro anos, início da gestão do reitor que o precedeu, Roberto Leal Lobo e Silva Filho.
Mas Moraes não vê problemas em retornar aos números anteriores. "Foram criados novos cursos que significam cerca de 500 novas vagas para estudantes", afirma.
O ex-reitor Lobo diz que se baseou em critérios internacionais para o enxugamento. Ele discorda de que sua política de contenção tenha intensificado o envelhecimento dos quadros. "Esse problema existe em todo o mundo devido ao boom de estudantes universitários nos anos 70", diz.
A folha de pagamento, que hoje é de R$ 28 milhões, deve ser ampliada em R$ 500 mil com as novas contratações.
O coordenador geral de administração da USP, Hélio Nogueira da Cruz, diz que hoje a folha já está no limite do comprometimento orçamentário."Mas a arrecadação de ICMS pode crescer", afirma.
As áreas que poderão contratar professores na USP vão ser aquelas que a reitoria julgar prioritárias.
Os critérios para os concursos já estão definidos: o candidato vai ter que ser o mais jovem possível, ter título de doutor, competência comprovada em sua área de pesquisa e demonstrar liderança.
Segundo o pró-reitor de pesquisa, Hugo Aguirre Armelin, 54, os concursos não devem acontecer em menos de um mês e serão divulgados em publicações definidas pelas unidades.
O processo de seleção pode variar, mas deve incluir uma pré-seleção através de currículos e projetos de pesquisa e, numa segunda etapa, entrevistas e a apresentação de seminários públicos.
A reitoria também vai criar dois programas para aglutinar e treinar na USP pesquisadores que podem ser candidatos aos concursos.
Em um deles, cerca de mil alunos de pós-graduação vão dar aulas na graduação, recebendo até R$ 100,00 por mês. "Os professores vão ter até mais trabalho. O objetivo é revelar talentos nos alunos de pós", diz Armelin.
O outro programa é de pós-doutoramento. A USP pretende ter cerca de 400 pesquisadores com bolsas de agências científicas que vão se integrar aos grupos de pesquisa, com todos os direitos dos alunos de pós-graduação.

Texto Anterior: Especialistas discutem ensino superior
Próximo Texto: Lojas abrem hoje para o Dia dos Pais
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.