São Paulo, domingo, 7 de agosto de 1994
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Feira é marcada pelo improviso

EDNEY CELICE DIAS
DA REDAÇÃO

Quem não comprou pôde se divertir. O Salão do Imóvel que se encerra hoje no parque Ibirapuera não trouxe grandes novidades para quem anda procurando a casa própria há alguns meses, mas conseguiu aglutinar ofertas –organizou por alguns dias uma espécie de shopping center imobiliário.
A frustração de a maioria das vezes não se conseguir informações detalhadas sobre o que interessa (em um estande não se conseguia saber, por exemplo, o preço do imóvel) foi em parte compensada pelo ambiente de festa e –para a surpresa do potencial comprador– descomprometimento.
O charme das atendentes que distribuíam folhetos não resistia à desinformação. À parte o esforço de algumas poucas empresas para municiar o cliente com dados, a feira parecia organizada para ser apenas uma vitrine, não para de fato fechar negócios.
Quem tem fobia de corretores emperdernidos, dos apologistas ferozes da venda a qualquer custo, dificilmente teve problemas. As negociações, quando haviam, pareciam correr na base do bom papo, do pode ser, do condicional.
No estande de determinada imobiliária, tinha-se a impressão de se estar participando de uma comemoração. Sentia-se mais empenho do corretor para que se provasse um canapé, se tomasse uma dose de Grants ou JB, do que propriamente para vender.
"Mas você não quer beber nada mesmo?" –insistia o ébrio homem de vendas, pasmado pela negativa do cliente. Negócios? Só depois do fim da feira...
No sábado (30/07), após às 19h, o clima parecia de confraternização do setor imobiliário, de conversas animadas entre corretores com roupa de domingo e promotoras prontas para o baile de Momo.
O pavilhão da Bienal de São Paulo deu a impressão de ser um espaço não-preenchido por um evento que, apesar de ter se revelado uma boa iniciativa, deixou a marca do improviso.

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