São Paulo, domingo, 7 de agosto de 1994
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A difícil arte de administrar condomínios

JOSÉ ROBERTO GRAICHE

Nos últimos anos,o valor das despesasde condomínio subiu50% em termos reais
Em uma cidade como São Paulo tudo tende a profissionalização, desde as tarefas mais simples até as mais complexas. Entre estas, falo a respeito de uma atividade particularmente importante. Refiro-me ao setor de administração de condomínios.
Aqui, as experiências artesanais sempre acabam em maus resultados. Na administração profissionalizada, o síndico é apoiado por uma estrutura organizada. Nos casos contrários, torna-se uma figura desgastada, de resultados pouco gratificantes, malpago, solitário, como se estivesse nadando em alto mar, sem saber quais seriam os resultados de seu esforço e nem o final de seu destino.
Essa análise faz parte de um estudo, desenvolvido através de uma ampla pesquisa denominada Urbe 2, pela Aabic (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo), através do qual, pela primeira vez, se traçou o perfil dos síndicos, dos condomínios e das relações destes com as administradoras.
São Paulo possui uma grande concentração de condomínios residenciais, que estão distribuídos nas cinco zonas da cidade: norte, sul, leste, oeste e centro. A maior concentração de condomínios residenciais ocorre nas zonas central (27%), sul (26%), oeste (22%), leste (14%) e norte (12%).
O universo da pesquisa foi de 401 edifícios residenciais, distribuídos de modo proporcional à quantidade de prédios existentes, com mais de oito andares, nas cinco zonas da cidade.
Constatou-se que 60% dos síndicos são do sexo masculino e a média de idade é de 50 anos, sendo que muitos são aposentados. Nesse imenso batalhão de abnegados, encontram-se 77% de pessoas com curso colegial ou superior, numa atividade que, como se sabe, é essencial a capacidade de bem-administrar.
Verificou-se que 16% tem profissão liberal, 16% são donas de casa, 9% são comerciantes, 8,2% funcionários de servi;os, 5,2% de funcionários públicos e 5% de comerciários.
Como há pouca disputa pela sindicância, podendo este fato estar relacionado às diversas atribulações exigidas e os permanentes conflitos com os demais condôminos, provocando desgaste físico e emocional ao ocupante do cargo, a eleição de um síndico se dá, em 63% dos casos, por indicação da própria assembléia geral.
Apenas 3% dos síndicos são profissionais, o que revela claramente a dificuldade que os outros enfrentam no dia-a-dia da administração.
Apesar de tudo, é interessante notar que, na maioria dos casos, os síndicos estão satisfeitos com suas atividades pelo prazer de verem suas obras realizadas.
Constatou-se, também, que nos últimos cinco anos o valor da quota das despesas condominiais aumentou em 50%, em termos reais. Isso se explica pela evolução dos preços das tarifas públicas e pelas exigências dos moradores em dotar os condomínios de maior investimento em segurança.
O objetivo primeiro dessa pesquisa, é fazer com que as empresas especializadas na administração condominial conheçam o perfil de seu cliente e as dificuldades enfrentadas pelos síndicos, para que possam aprimorar sua assessoria, proporcionando a toda essa imensa população que habita os condomínios, tranquilidade e bem-estar social.

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