São Paulo, domingo, 7 de agosto de 1994
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A intuição deve permanecer alerta

PAULO COELHO
COLUNISTA DA FOLHA

Nos intervalos dos combates, o guerreiro fica horas seguidas olhando o céu estelado, ou passar o final da tarde contemplando o pôr-do-sol. O guerreiro descansa e medita, quando seu corpo e sua alma pedem; muitas vezes passa dias sem fazer nada, porque assim manda o coração.
Mas sua intuição permanece alerta. Ele não dá ouvidos à voz que lhe pede: "Preguiça".
O guerreiro sabe onde a preguiça o pode conduzir: à sensação morna das tardes de domingo, onde o tempo passa –e nada mais. Ali, não há lugar para entusiasmo ou tristeza; apenas o vazio impossível de preencher.
O guerreiro chama isto de "paz de cemitério". E lembra-se de um trecho do Apocalipse: "Te amaldiçôo porque não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas, como és morno, eu te vomitarei de minha boca".

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