São Paulo, segunda-feira, 8 de agosto de 1994 |
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Itamar desconfia dos números da equipe
GILBERTO DIMENSTEIN; MÁRCIA MARQUES; WILLIAM FRANÇA
"Há um ditado que diz: os números não mentem, mas os mentirosos fabricam números", afirmou Itamar depois de falar da resistência da equipe econômica em conceder o reajuste reivindicado pelo funcionalismo público. Itamar fez as declarações depois de participar da cerimônia de troca da bandeira, em Brasília. Pela manhã, quando saía da missa dominical no Mosteiro de São Bento, em Brasília, o ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, se recusou a falar. "Não faço comentários nessas ocasiões." Itamar disse que resolve a questão do aumento para os civis e militares "nesta semana". Não detalhou de que forma –adiantou apenas que o aumento será para promover a isonomia salarial. À tarde, em conversas reservadas, os ministros da área econômica acharam no mínimo indelicada a expressão de Itamar. Para eles, não se trava um debate sobre esse tipo de assunto em público. Segundo o Ministério do Planejamento, é difícil saber de onde tirar as quantias necessárias para a isonomia. Estudos da área econômica do final de julho indicam que há somente R$ 697 milhões em caixa até o final do ano. Pelas contas da área administrativa, são necessários R$ 422 milhões por mês para a isonomia. Somente a primeira etapa, que consiste em unificar tabelas –e atende aos militares e parte dos civis– custará R$ 97,11 milhões ao mês. A dificuldade da equipe econômica em convencer Itamar de que não há dinheiro é tamanha que os ministros vão pedir ajuda do candidato tucano à Presidência, Fernando Henrique Cardoso. Caberia a FHC demonstrar a Itamar que não há como implantar a isonomia agora sem comprometer seriamente o Plano Real. (Gilberto Dimenstein, Márcia Marques e William França) Texto Anterior: OAB define recurso contra oposicionistas Próximo Texto: O VAIVÉM DO AUMENTO DOS SERVIDORES Índice |
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