São Paulo, terça-feira, 9 de agosto de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Impasse entre Itamar e equipe virou rotina
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
Como o presidente, até aqui, briga mas não demite e como ele próprio não vai se demitir, o impasse não tem solução. Nos meios econômicos privados, a interpretação dominante é a de que presidente e equipe seguirão assim, de trombada em trombada, até o final do governo. O comportamento dos mercados, ontem, mostra em que lado os meios econômicos põem suas fichas: a bolsa subiu, dólar caiu. Em qualquer país do mundo, quando o presidente insinua que sua equipe econômica é mentirosa, como fez Itamar, todo mundo aposta que a equipe vai cair em meio a uma crise geral. Ontem, as Bolsas brasileiros de fato abriram em queda, mas logo se recuperaram. Ao longo do dia, os agentes econômicos chegaram à conclusão de que não aconteceria mais nada, além de outro rompante do presidente. Os mercados fecharam antes da reunião realizada ontem à tarde, em Brasília, para a discussão do reajuste do funcionalismo. Conforme o resultado da reunião, portanto, o ambiente pode mudar. Mas a mudança só será significativa se sair um reajuste do funcionalismo muito elevado e isso derrubar cabeças da equipe. Não é essa a expectativa dos meios econômicos e da própria equipe. Também ninguém acredita que haverá entendimento em Brasília. Números de orçamento do governo, além de complexos, baseiam-se em previsões. A Fazenda é conservadora. O resto do governo sempre acha que tem algum dinheiro escondido. Isso em qualquer país. Só que na maioria dos países, o chefe do governo fica com a Fazenda. Ocorre que se sobrar dinheiro no fim do ano, pode-se distribuí-lo. Mas se faltar, o governo faz inflação. Texto Anterior: Administração e equipe econômica chegam a acordo sobre salários Próximo Texto: Governo pode editar MP para fixar o mínimo em R$ 70,00 Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |