São Paulo, terça-feira, 9 de agosto de 1994
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País precisa acelerar a privatização, diz Campos

DA REPORTAGEM LOCAL EDA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O Brasil precisa acelerar o processo de privatização das estatais. Assim, o governo teria mais recursos para investir em setores prioritários e reduzir a dívida interna.
A crítica à lentidão do processo de venda das estatais foi feita pelo deputado federal Roberto Campos (PPR-RJ) durante palestra no seminário "O Estado Mínimo", realizado ontem no hotel Mofarrej.
Campos citou algumas das vantagens da privatização: o governo deixa de gastar; obtém receita com a venda; e arrecada mais impostos, porque nas mãos da iniciativa privada as empresas dão lucro.
O deputado disse que o Brasil deveria adotar o modelo de privatização usado nos países ex-comunistas. Os países da Cortina de Ferro usam a restituição por doação –as empresas do Estado são doadas às pessoas. Na ex-União Soviética, da-se o nome de privatização espontânea, diz Campos.
A privatização convencional –venda ou alienação de ativos do governo– é mais usada no Ocidente e na América Latina, disse o deputado. No Brasil, o processo traz mais vantagens para os funcionários das empresas, que são os primeiros a adquirir as ações.
Os países capitalistas tendem a ser democráticos, mas a recíproca não é verdadeira, afirmou Campos. "É preciso ampliar a base capitalista. O Brasil é democrático na política, mas socializante na economia", afirmou.
Campos disse que a privatização ajudaria o Plano Real. "O plano é um avião que decolou em boas condições, mas não se sabe se terá combustível para chegar ao próximo aeroporto e reabastecer".
A privatização seria, segundo Campos, o combustível para o próximo reabastecimento. O dinheiro da privatização seria usado para investimento em setores carentes de recursos (educação, saúde, saneamento etc.) e para reduzir a dívida do governo.
Com a venda das estatais privatizáveis, segundo Campos, o governo arrecadaria US$ 70 bilhões (valor com base no patrimônio líquido das empresas). Com US$ 50 bilhões, o governo pagaria a dívida interna, afirmou.
Itaipu
A Itaipu Binacional vai gastar US$ 10 milhões com o pagamento de vantagens extraordinárias a 3.000 funcionários (brasileiros e paraguaios) que prestam serviços à hidrelétrica.
Os 1.200 funcionários brasileiros são contratados da empresa Centro Serviços e os 1.800 paraguaios de quatro empresas daquele país. O contrato de serviço das 3.000 pessoas termina no dia 31 de dezembro de 1995.
O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Francisco Gomide, anunciou ontem que serão pagas 16 parcelas no valor de um terço sobre o total do último salário, a partir do dia 1.º de janeiro de 1996.

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