São Paulo, terça-feira, 9 de agosto de 1994 |
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Irmão de Berlusconi admite corrupção
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS O grupo italiano Fininvest, do premiê Silvio Berlusconi, fez um }caixa dois de mais de US$ 2 milhões para subornar policiais da Guarda das Finanças entre 83 e 90.O irmão do premiê, Paolo Berlusconi, admitiu o "caixa dois" (dinheiro mantido à margem da contabilidade oficial) durante seu depoimento aos juízes que investigam a corrupção no país. Paolo está sob prisão domiciliar após ter confessado que pagou suborno a agentes da Guarda das Finanças –corpo militarizado que combate evasão fiscal e outros delitos contra o patrimônio público. Nos depoimentos, Paolo evitou ligar seu irmão aos casos de corrupção. "Quando os diretores do grupo tinham esse tipo de problema, dirigiam-se a mim". O empresário admitiu ter concordado com a proposta dos diretores do grupo para subornar dois militares da Guarda das Finanças. Paolo disse que cerca de US$ 230 mil foram pagos aos agentes que controlavam os livros da editora Mondadori, da seguradora Mediolanum e da produtora de vídeos Videotime. O "caixa dois" surgiu a partir da venda de imóveis da empresa Edilnord no começo da década de 80. A empresa dos Berlusconis tinha um acordo com os compradores para subfaturar a venda e economizar o dinheiro dos impostos. "Dessa maneira tivemos a possibilidade de criar um 'caixa dois' de cerca de 3 bilhões de liras, que utilizamos para fazer pagamentos que não podiam ser registrados nos balanços", disse Paolo Berlusconi. O irmão do premiê foi preso pouco depois de uma tentativa do governo de limitar os poderes dos juízes de decretar a prisão preventiva de acusados de corrupção. Ontem, o ex-policial Alberto Corrado foi preso durante as investigações sobre subornos pagos pelo Fininvest. Depois de deixar a Guarda das Finanças, Corrado, 63, trabalhou como consultor do Fininvest, junto ao diretor de impostos do grupo, Salvatore Sciascia, também sob prisão domiciliar. A administração de Berlusconi sofreu ontem nova derrota com a decisão da televisão estatal RAI de suspender comerciais do governo. A RAI tirou a campanha do ar 48 horas após o lançamento e vai esperar manifestação de Giuseppe Santaniello, responsável pelo respeito às leis de telecomunicações. O primeiro dos comerciais de 45 segundos foi transmitido no sábado e mostrava as ações do governo desde sua posse em maio. Esse comercial era acompanhado pela vinheta "Fatos que os cidadãos devem saber para exercer seus direitos". A lei italiana permite ao governo que use a mídia para publicar informação de "relevância social". Para a oposição, os comerciais eram propaganda governista. O PDS (Partido Democrático da Esquerda, o antigo Partido Comunista) elogiou a decisão da RAI. Em movimento que pode unificar a oposição a Berlusconi, Massimo D'Alema, do PDS, e Rocco Buttiglione, do Partido Popular, se reuniram anteontem. Os ex-comunistas e o Partido Popular (sucessor da Democracia Cristã) decidiram apresentar a proposta de eleições parlamentares distritais em dois turnos. Texto Anterior: Escritora relata condenação à morte ; Coréia do Norte diz que muda reatores ; Clinton é reprovado por 68%, diz pesquisa ; Saddam pede ao Irã que aceite a paz ; México lava por ano US$ 6 mi, diz revista ; Hospitais britânicos vão usar maconha Próximo Texto: Cuba e EUA discutem crise de refugiados Índice |
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