São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 1994 |
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Técnicos comandaram jogo no Morumbi
ALBERTO HELENA JR.
Bola lá e cá, provando mais uma vez que o espetáculo depende, sobretudo, da coragem dos treinadores de correrem algum risco. Pena que seja uma exceção. O São Paulo entra hoje na reta final da Libertadores, enfrentando o Olimpia, do Paraguai, uma carne de pescoço. Aliás, desde a Guerra do Paraguai, que eles são uma dureza. Pra se ter uma idéia de como os paraguaios levam a sério essas pequenas refregas com os países vizinhos, basta lembrar que seu principal estádio leva o nome guerreiro de Defensores de Chaco, uma réstia de terra defendida com o ardor de várias gerações. Anos atrás, fui escalado para comentar um Olimpia e Guarani, pela Bandeirantes, lá em Assunção. Deus do céu! Meteram-nos no meio da torcida –o Solera, o Chico de Assis e eu–, num frio de rachar, e lá ficamos, como alvos fixos dos xingamentos e detritos embalados enviados com precisão milimétrica pela torcida nas nossas cabeças. Mas esse primeiro confronto vai ser aqui, no civilizado Morumbi, possivelmente lotado dos teens que fizeram a festa tricolor na quarta-feira passada. A propósito, acho que houve um erro estratégico do São Paulo, ao estabelecer as novas regras para o público: simplesmente, o ingresso único de R$ 3. A jogada anterior, vinculando o uso da camisa do São Paulo ou da seleção brasileira, me pareceu mais interessante. Quanto ao jogo em si, que dizer? O São Paulo parece ter vestido o figurino exato da Libertadores. Mesmo quando vacila, ganha. Só que hoje é bom não vacilar e ganhar com certa folga. Porque lá, a história será outra. O esquema montado por Telê, com Válber, como verdadeiro líbero, é muito interessante. Mas tem revelado falhas no sistema de cobertura. Tanto que tomou quatro gols em dois jogos contra o Unión Española. É muito. Na verdade, com a vinda de Sierra, creio que esse esquema estará automaticamente condenado. Sim, porque o craque chileno –e trata-se mesmo de um craque– terá de entrar num meio-campo que não pode abrir mão nem de Axel, nem de Alemão, muito menos de Palhinha. Como Cafu já terá de voltar à lateral-direita, para dar lugar a Alemão, só restará a Telê uma alternativa: sacar Júnior Baiano ou Gilmar e voltar a jogar com uma linha de quatro zagueiros. A não ser que Telê nos reserve mais uma surpresa, o que não será novidade. Esse Campeonato Brasileiro que vem, como diria o baiano Antonio Torres, dos Homens de Pés Redondos, é coisa dos homens de cabeças quadradas. Só com um curso intensivo de computação dá para entender as fórmulas de classificação e reclassificação inventadas pela CBF. Tudo isso para atender politicamente os menos competentes tecnicamente e os mais representativos eleitoralmente. Ao invés de reduzir e simplificar, a CBF prefere aumentar e complicar. Isso é Ricardo Teixeira, enfim. Texto Anterior: Preço único para hoje é de R$ 6 Próximo Texto: Hora do lanche Índice |
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